A indústria de construção civil vive a braços com uma crise que obriga as grandes companhias a dependerem de pequenos contratos, que normalmente eram adjudicados a companhias emergentes.
Segundo o ministro das Relações Públicas, Thulas Nxesi, que falava no último fim-de-semana na Conferência para a Transformação da Indústria de Construção, que teve lugar em Kempton Park, arredores da cidade de Joanesburgo, não obstante este cenário, houve uma mudança no sector, caracterizada pela disputa entre as grandes e pequenas empresas pelos contratos.
“A debilidade das condições económicas e financeiras estão na origem da crise na área das construções”. O ministro afirmou na ocasião que as grandes companhias lutam pelo tratamento preferencial e fazem de tudo para obter pequenos contratos em grande número como forma de obterem de lucros.
“Assistimos grandes companhias a aventurarem-se no terreno das pequenas. Grandes empresas, por exemplo, estão a concorrer para a adjudicação de contratos de construção de escolas”, destacou Nxesi tendo acrescentado que “anteriormente as grandes companhias não aceitavam contratos de construção de uma ou de duas escolas. Elas queriam construir acima de 10, 20 e 30 escolas. Esta é uma indicação de que o sector não está a atravessar bons momentos, mesmo a nível global”.
Entretanto, Thulas Nxesi alertou as grandes companhias no sentido de não esperarem por um tratamento preferencial por parte do Governo. “A regra determina que convidemos qualquer empresa, seja ela grande, média ou mesmo pequena, mas que possa oferecer-nos serviços de qualidade. As grandes não se devem deixar enganar, ao pensar que pelo facto de estarem a voar alto obterão do Governo um tratamento especial”.
Por seu turno, Bafana Ndendwa, director executivo da Associação das Indústrias de Construção, afirmou que numa dada altura certas companhias filiadas àquela agremiação ganharam contratos estimados em cerca de oito biliões de randes na província do Cabo Oriental e três biliões em Gauteng.
Para ele, esta situação deveu-se ao facto de certos contratos terem sido concebidos sem se ter observado o incentivo aos empresários negros.Como exemplo, mencionou a construção dos estádios que acolheram o Campeonato Mundial de Futebol de 2010, em que muitas empresas pertencentes a cidadãos negros estavam na qualidade de subcontratadas.
“A elaboração de contratos sempre foi um problema, principalmente para o desenvolvimento dos empresários negros. Do modo como estão a ser elaborados, dificilmente as pequenas empresas, pertencentes, na sua maioria, a negros, conseguirão cumprí-los”, defendeu Bafana Ndendwa.
Num outro desenvolvimento, Ndendwa aconselhou as empresas geridas por negros a apostarem mais na contratação de quadros qualificados. Refira-se que casos de corrupção e de falta de quadros altamente qualificados no seio das companhias geridas por negros são apontados como o ponto fraco destas.
