Para continuarmos  a fazer jornalismo independente dos políticos e da vontade dos anunciantes o @Verdade passou a ter um preço.

 
ADVERTISEMENT

Explosão de quadro eléctrico quase matou mais de duas centenas de alunos em Nampula

Explosão de quadro eléctrico quase matou mais de duas centenas de alunos em Nampula

A explosão de um quadro de energia eléctrica num dos edifícios da Escola Secundária de Nampula, na manhã desta quarta-feira (29), criou pânico em centenas de alunos, e professores, que realizavam uma avaliação semestral. Cerca de 250 estudantes tiveram de receber atendimento médico no Hospital Central de Nampula (HCN), seis estão internados em estado considerado grave. O incidente põe a nu a negligência na colocação de extintores e saídas de emergências nos locais públicos.

À semelhança de diversas instituições públicas espalhadas pelo país, naquele estabelecimento de ensino é visível a ausência de quaisquer tipos de equipamento de prevenção de incêndio, com particular destaque aos extintores e sinalização de saídas de emergências. A explosão que aconteceu cerca das 11 horas, ao que tudo indica causada por um curto-circuito num quadro eléctrico, poderia ter provocado uma tragédia de proporções alarmantes. Na verdade, os alunos, que faziam uma avaliação semestral de Física, foram vítimas de uma sucessão de desleixo às normas de segurança dos locais públicas.

A Escola Secundária de Nampula é constituída por dois blocos com três pisos cada um. O curto-circuito deu-se numa das salas no último piso do segundo bloco. Os alunos e professores foram imediatamente acometidos pelo desespero e, tentando escapar da fumaça na única saída existente, as pessoas eram derrubadas umas sobre as outras. Nessa luta pela sobrevivência, houve quem, no entanto, optou por saltar de uma altura de aproximadamente três metros.

Ageu Waliza, estudante 9ª classe, fracturou a perna quando tentava fugir do pior. O aluno afirmou que teria optado por saltar porque, quando quis sair pelo portão, este encontrava-se fechado e dada a situação que se vivia não teve alternativa. “Eu sabia que corria risco, mas, naquela altura, saltar era a única saída que tinha”, disse.

O nosso interlocutor comentou ainda que não sabe como foi parar no HCN, uma vez que tinha perdido os sentidos logo após a queda. Das 250 pessoas afectadas pelo incêndio que foram atendidas na maior unidade sanitária da região norte, alguns tiveram de ser internados às pressas porque tinha dificuldades de respirar. Até ao fecho da nossa edição, seis alunos ainda continuam hospitalizados em estado considerado grave devido a “traumatismos crânio encefálico”, mas não correm risco de vida, segundo o director da maior unidade sanitária de Nampula, Castro Mulima.

Viveram-se um momentos de pânico durante mais de duas horas na cidade de Nampula. Pelas artérias da urbe, foi notória a movimentação de pessoas, pais e encarregados de educação que, desesperados, se apressavam em chegar às instalações da Escola Secundária de Nampula à procura dos seus filhos e/ou educandos. Até porque circulavam informações segundo as quais um número não especificado de alunos não teria sobrevivido ao incêndio.

Cerca das 12h00, o Hospital Central de Nampula começou a registar o movimento desusado de pessoas. O Banco de Socorros teve de paralisar alguns serviços para receber aos alunos que foram vítimas do incêndio. Com o objectivo de facilitar a localização dos familiares, foi colocada à disposição do público a lista com os nomes dos estudantes que davam entrada naquela unidade hospitalar.

Uma professora, que não quis ser identificada, disse que a situação foi preocupante na medida em que o vigilante daquele estabelecimento de ensino, por temer morrer electrocutado, ficou inerte durante muito tempo, enquanto os alunos em debandada tentavam sair pelo único portão.

Maria de Fátima, estudante da 8ª classe, que passou pelo susto, contou que ninguém sabe ao certo como a situação teria começado, pois, quando numa das salas surgiram faíscas oriundas de um cabo eléctrico, todo mundo entrou em pânico, tendo-se interrompido a realização de prova.

“É difícil descrever como aconteceu, mas a situação deveu-se a um curto-circuito. O bloco estava a estremecer e parecia que ia desabar, facto que gerou pânico. Os professores tentaram acalmar os ânimos dos alunos, mas não conseguiram, tendo alguns pulado do 3º piso”, disse.

O Corpo de Salvação Pública, vulgo bombeiros, foi chamado para o local, mas quando chegou o caos estava instalado.

Importa referir que esta não é a primeira vez que um incêndio causado por curto-circuito ocorre na Escola Secundária de Nampula. As infra-estruturas daqueles edifícios que compõem o estabelecimento estão em estado avançado de degradação e a instalação eléctrica está cada vez mais debilitada, necessitando a sua substituição.

WhatsApp
Facebook
Twitter
LinkedIn
Telegram

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

error: Content is protected !!