Com a dobradinha olímpica nos 100 e nos 200 metros e o seu status de ‘lenda viva’ no panteão dos grandes velocistas já garantidos, Usain Bolt planeia pensar com cuidado sobre quanto tempo consegue manter-se como mestre no seu ofício.
Um mundo que maravilhou-se com a velocidade atordoante do jamaicano, recordes mundiais e títulos olímpicos agora espera para ver o que o homem mais rápido da Terra fará em seguida. É tempo de reflexão na Corte de Bolt.
O grande astro das pistas de corrida, apaixonado por desportos e carros velozes, não está pronto para pendurar as sapatilhas, mas já busca inquieto um novo desafio que satisfaça a sua grande sede de vida.
“Não vou me aposentar ainda. Amo este desporto. Tive todo esse sucesso através deste desporto. Conquistei meus fãs através deste desporto”, disse Bolt depois de arrebatar o título dos 200m de ponta a ponta, Quinta-feira (9), completando a dobradinha dos 100m e 200m como fez em Pequim quatro anos atrás.
“Atingi o meu objectivo, agora tenho que sentar e pensar noutro.” O futuro, disse ele, é para os compatriotas Yohan Blake e Warren Weir, medalhistas de prata e bronze no pódio dominado pelos jamaicanos.
Bolt, de 25 anos, e Blake, de 22, dividem o mesmo técnico, treinam juntos e têm uma grande amizade fora das pistas, mas nos blocos de largada são rivais intensos. “Eu disse a ele (Blake em 2010) ‘você chegou na hora errada, os próximos dois anos são meus’, Tive que mostrar isso a ele.”
O britânico Linford Christie tinha 32 anos quando venceu os 100m em 1992 em Barcelona. Bolt estará a beirar os 30 nos Jogos do Rio de Janeiro em 2016, e pode não vir ao Brasil. “Acho que quando fizer 30 estarei a pensar em aposentar-me. O atletismo de pista é puxado demais”, afirmou.
“Yohan Blake já corre em 19s4, então nos próximos quatro anos ele vai arrasar. Acho que quero sair antes de ele começar a correr rápido demais.” Como os grandes velocistas Jesse Owens e Carl Lewis, Bolt está de olho no salto em distância. “É uma coisa que sempre quis tentar”, declarou.
Bolt sempre vangloria-se de seu talento como jogador de futebol e de críquete, e comenta com bom humor que o seu sonho é jogar no Manchester United.
“Estabeleci o objectivo de me tornar uma lenda. Se não encontrar outra coisa que me motive, talvez seja o futebol. Não sei. Só se eu for bom, lembrem disso”, disse Bolt, que declara-se “um jogador comprometido”.
“Definitivamente estou a pensar nisso. Depois dessa Olimpíada, eu não, então vou ver.” A mudança para desportos de inverno, no entanto, está descartada. “Não estarei na equipe do trenó da Jamaica”, garantiu.