Foi esta segunda-feira, dia 22 de Março, inaugurada, na presença do presidente do Concelho Municipal da Ilha de Moçambique, Alfredo Artur Matata, a nova biblioteca daquele município Património da Humanidade. A iniciativa, que custou cerca de 50 mil euros, surge no âmbito do acordo de geminação entre este município e a Câmara Municipal de Alcobaça (Portugal) rubricado há cerca de três anos.
Tudo começou em 2007 ,quando o anterior presidente da Câmara Municipal de Alcobaça – região centro de Portugal – José Gonçalves Sapinho, se deslocou a Moçambique para firmar o acordo de geminação entre o seu município e outros dois municípios moçambicanos: a Ilha de Moçambique e a cidade da Beira.
“Nessa altura ficou a ideia de se fazer uma biblioteca, nomeadamente na Ilha de Moçambique, uma vez que se constatou que era uma enorme carência na região”, explicou Paulo Inácio, o actual presidente do município daquela região centro de Portugal e que na semana finda se deslocou expressamente ao nosso país para inaugurar a novíssima Biblioteca da Ilha de Moçambique. “Sentia-se na Ilha a necessidade de os jovens aprenderem a língua portuguesa de uma forma mais sustentada e como meio de aprendizagem”, reforçou Paulo Inácio.
Disponibilizado o edifício – ocupa parte do imóvel que em tempos serviu de esquadra de polícia, ali junto ao largo da Alfândega, tendo sido restaurado na íntegra com fundos da Câmara Municipal de Alcobaça – pelo presidente do Concelho Municipal da Ilha, Alfredo Artur Matata, faltava pôr mãos à obra para edificar tudo o resto. E assim foi. O espaço foi dividido em três, sendo que o primeiro é ocupado por mesas de consulta e computadores e os outros dois com estantes para os livros.
Contudo, a contribuição alcobacense não ficou por aqui. A Câmara conseguiu reunir as doações necessárias para dar corpo à obra. Assim, o mobiliário ficou a cargo de uma empresa portuguesa especialista em mobílias para bibliotecas, os livros foram doados por várias editoras e os computadores por uma empresa de informática. “A Câmara organizou todas estas boas vontades”, refere, modestamente, Inácio, para acrescentar: “O custo do contentor que transportou tudo ficou a cargo do nosso município.”
Dentro do contentor, que chegou no final da semana passada ao porto de Nacala, contavam-se cerca de cinco mil livros, mil cd’s, quatro computadores e as respectivas impressoras, um televisor, mobiliário próprio e material escolar como lápis, canetas, borrachas, afias, estojos, etc. Tudo somado ronda os 50 mil euros. “O municipalismo português deve ter mais iniciativas como esta em nome da língua e das boas relações com os PALOP’s. Espero que Alcobaça seja pioneira de um dever que todo o municipalismo português tem que é o de reforçar as relações com os PALOP’s”, referiu Inácio.
Sobre o tipo de livros que se pode encontrar na nova biblioteca da Ilha, Paulo Inácio adiantou: “Grande parte deles diz respeito à aprendizagem da língua portuguesa ao nível do ensino básico, mas também temos livros representativos dos grandes escritores portugueses e também dos PALOP’s.
Há um pouco de tudo, mas o grande objectivo era material escolar, didáctico ao nível da gramática portuguesa, dicionários e prontuários.” Refira-se ainda que à frente da biblioteca vão estar dois jovens bibliotecários moçambicanos que receberam formação de uma homóloga sua de Alcobaça.