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ICM e Gapi dinamizam comercialização e impactam a economia de milhares de famílias

O sistema de crédito à comercialização agrícola, implementado conjuntamente pelo Instituto de Cereais de Moçambique (ICM) e pela Gapi há pouco mais de um ano, fez até agora financiamentos na ordem 100 milhões de meticais, através de 90 comerciantes rurais.

Este mecanismo de financiamento, designado por Linha de Crédito de Comercialização Agrícola (LCCA), reforçou a capacidade de comerciantes rurais permitindo que eles comprassem, junto de aproximadamente 45 mil famílias camponesas, um total de 26 mil toneladas de produtos alimentares, com destaque para milho, feijões, amendoim e gergelim.

Um dos comerciantes é Carlos Afonso Corneta, de 56 anos de idade, comerciante sediado na Vila sede de Namuno, em Cabo Delgado que, em 2019, beneficiou-se do crédito no valor de 2.500.000 meticais, para comprar milho, gergelim, amendoim, castanha de cajú e feijões, nos distritos de Namuno, Chiure, Montepuez, Cidade de Pemba, Namialo, Nacala e Nampula, estas últimas três, na província de Nampula.

“Estou nesta actividade há perto de 30 anos e só com esta linha é que consegui expandir o meu negócio. Com o financiamento, fiz a rotação do meu negócio e consegui comercializar 850 toneladas, que geraram uma receita bruta de cerca de 40 milhões de meticais”, contou orgulhoso, referindo ainda que “com o aumento da minha capacidade, contratei 14 trabalhadores, dentre os quais sete jovens e três mulheres”.

Corneta vem beneficiando, tal como outros comerciantes, desde 2017, de capacitações em gestão de negócios e estabelecimento de parcerias na modalidade de coaching, numa acção da Gapi, em parceria com os Serviços Distritais de Actividades Económicas de Namuno. Fruto disso, construiu um imóvel comercial acoplado a um armazém, com capacidade para armazenar cerca de 500 toneladas, melhorou a sua gestão, que culminou com o registo predial.

A LCCA abrange também operadores de âmbito industrial, sendo uma delas a Miruku Agro-Indústria, que opera actualmente duas linhas de processamento de milho, nomeadamente a de produção de farinha de milho branca fortificada e produção de combinado de farinha e soja, para confecção de papas enriquecidas, também designada CSB.

A Miruku Agro-Indústria beneficiou de um financiamento no valor de 2.500.000 meticais para a aquisição de matéria-prima, nomeadamente milho e soja. O crédito foi concedido por um período de 12 meses e, no passado dia 10 do corrente mês, o cliente fez a amortização completa da dívida. Com o financiamento a Miruku conseguiu adquirir no mercado parte da matéria prima (milho e soja), com o qual foi possível iniciar a operacionalização da produção na fábrica.

“Este financiamento impactou bastante as nossas actividades, de tal modo que conseguimos devolver em um mês, que prevíamos fazê-lo em um ano. Adquirimos cerca de 200 toneladas de milho aos produtores, maioritariamente do sector familiar e, depois de processadas vendemos à volta de 160 toneladas de farinha a alguns comerciantes locais”, regozijou-se Chissungue Haje António, da direcção da empresa.

Mohamed Valá, Director Geral do ICM e Presidente do Comité Directivo da LCCA, mostrou-se satisfeito com o desempenho da linha: “Esta linha é um exemplo de como podemos dinamizar a produção, empoderando os comerciantes”.

Este dirigente reconhece que os valores envolvidos ainda estão aquém das necessidades, mas assumiu o compromisso de, entanto que ICM e MIC, continuarem a trabalhar e mobilizar recursos, pois acredita que “este caminho, pode-nos levar a patamares mais altos de desenvolvimento rural, porque induz à inclusão financeira, empodera as mulheres, os jovens e todo o ambiente local. Acreditamos que, nos próximos tempos, vamos contribuir para reduzir a pobreza, porque vamos trazer encaixe financeiro aos produtores, que têm na falta de mercado para a sua produção, o principal desafio. Temos que fazer com que o produtor seja capaz de produzir excedentes e passe a ganhar dinheiro com a sua actividade.”

Adolfo Muholove, PCE da Gapi, destaca o papel e importância das parcerias institucionais como uma base para programas, com impacto directo na vida e economia das famílias. Falando especificamente desta linha, Muholove destaca a sua multifuncionalidade: “A LCCA, além de conceder créditos, contempla programas de assistência técnica com vista à criação e capacitação de operadores da comercialização agrícola e do agro-processamento de pequena e média dimensão, para que os mesmos possam melhorar e aperfeiçoar a gestão dos seus negócios, ter acesso a tecnologias mais adequadas e melhor acesso a serviços financeiros”, referiu.

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