Enquanto centenas de milhões de chineses faziam a contagem regressiva do Ano do Dragão, esta segunda-feira, o relógio também corria para milhares de mulheres chinesas ávidas para dar à luz bebês “sortudos” em Hong Kong, lotando as instalações médicas da cidade e desencadeando protestos dos moradores.
Nos últimos anos, aumentou o número de chinesas que vão a Hong Kong dar à luz, atraídas por direitos de residência e buscando fugir da política dum filho da China, o que levou as autoridades a limitar o número de nascimentos permitidos na ex-colônia britânica.
Com a comemoração do Ano Novo chinês, esta Segunda-feira, os pais de toda a China aspiram a produzir “Bebês do Dragão”, na esperança de que o símbolo, há muito associado a imperadores, poder e inteligência, traga riqueza e sorte.
Os médicos têm alertado que algumas mulheres podem até recorrer a meios ilegais para contornar a limitação. O governo de Hong Kong concordou, em Junho passado, em limitar a 34 mil o número de não-residentes com permissão para ter filhos na cidade, comparados às 40 mil chinesas que ali deram à luz em 2010, quando o total de nascimentos chegou a mais de 88 mil.
Os jornais relataram casos de chinesas que cruzaram ilegalmente a fronteira e driblaram as leis, indo directamente para pronto-socorros nos hospitais públicos para ter os seus filhos.
“Neste ponto, o hospital não pode rejeitá-las”, disse o professor Jianfa Shen, de Geografia e Administração de Recursos da Universidade Chinesa de Hong Kong.
Como região administrativa especial da China, Hong Kong trata dos seus próprios assuntos a maior parte do tempo sob a fórmula “um país, dois sistemas”, e tem também a sua moeda e o seu sistema judiciário, a regra de um filho ali não se aplica.