Homens armados, ainda não identificados, atacaram na manhã deste sábado (26) um mini bus com passageiros, que viajava sem escolta militar na Estrada Nacional nº 1 (EN1), entre a vila de Machanga e o posto administrativo de Muxúnguè, no distrito de Chibabava, na província central de Sofala. Um morto e nove feridos, um dos quais com gravidade, é o balanço preliminar. O trânsito rodoviário na EN1, na zona centro, mesmo com coluna militar, esteve suspenso.
Segundo um dos passageiros com quem falamos telefonicamente, identificado pelo nome de Manuel Filipe Ido, o ataque aconteceu cerca das 7 horas logo a seguir ao rio Ripembe, momentos após o mini bus ter parado na ponte sobre o rio onde deu boleia a um soldado das FADM. “um militar das FADM parou a viatura e pediu boleia para Muxúnguè (…) a viagem continuou e alguns instantes depois começamosa ser atacados.”
O passageiro conta que os tiros vinham das matas, que ladeiam a EN1, e após um pneu ter sido furado e o motorista ser atingido por tiros a viatura imobilizou-se tendo ele, e outros passageiros, procurado sair até pelas janelas e fugido do local. Manuel acrescentou que uma vez fora da viatura viu pelo menos 15 homens armados, trajando fardamento completamente verde escuro, ajudarem os feridos que tinham ficado no mini bus a sairem e depois incediarem a viatura com rajadas de metralhadoras.
O sobrevivente contou ainda que correram algumas dezenas de quilómetros até se depararem com a primeira coluna de viaturas ligeiras protegida por militares, que seguia para Save.
As forças governamentais presentes na coluna prestaram pronto socorro e foram ainda até ao local do ataque onde encontraram os outros passageiros feridos e posteriormente os encaminharam para hospital rural de Muxúnguè.
Todos os passageiros vítimas do ataque foram transportados para o hospital, mesmo aqueles que não ficaram feridos, como é o caso da nossa fonte. Entre os feridos cinco tem ferimentos causados por armas de fogo, alguns mesmo com balas alojadas nas no corpo e a precisar de intervenção cirúrgica. Um dos feridos está em estado grave.
Há duas crianças entre os feridos.
Uma das vítimas acabou por perder a vida no hospital.
O trânsito rodoviário, mesmo com coluna militar, foi interrompido logo que as forças governamentais tiveram conhecimento deste ataque.
Há ainda informação de testemunhas oculares, que viajavam na primeira coluna de viaturas entre Muxúnguè e o Save, de uma outra viatura atacada e incendiada, um camião de mercadorias. Não temos ainda informações sobre os ocupantes desse camião.
Este é o segundo ataque a cidadãos civis por homens armados, que podem pertencer à Resistência Nacional de Moçambique (RENAMO), desde o assalto e ocupação da base deste partido em Sathunjira no passado dia 21 por forças governamentais.
Desde a altura o paradeiro de Afonso Dhlakama, que residia nessa base há um ano, é desconhecido mas acredita-se que continue na região central de Moçambique, que bem conhece e onde esteve durante a guerra civil que o seu movimento de guerrilha moveu contra o governo moçambicano.
Recorde-se que na sequência do ataque à base de Afonso Dhlakama a Renamo avisou que não existe nenhuma estratégia ou mecanismo ao nível do partido para evitar que os homens armados que se encontram nas matas protagonizem ataques bélicos a quem quer que seja.
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