Homens armados supostamente pertencentes à Renamo atacaram na madrugada do último sábado o posto das Forças de Defesa e Segurança, localizado na estação ferroviária de Samacueza, distrito de Muanza, na província de Sofala, havendo indicações de que o confronto resultou na morte de mais de 10 elementos de ambas as partes. O Executivo já veio a público atribuir a autoria da investida à “Perdiz”, mas esta distancia-se e o seu líder promete não fazer a guerra, porém, assegura que vai responder a qualquer “provocação”.
Segundo fontes não oficiais, o ataque surge em resposta ao assassinado de um ex-guerrilheiro, de nome Oliveira Magazanhica, que prestava trabalhos no quartel-general da Renamo, localizado em Santhujira. Magazanhica foi executado depois de ter sido torturado e mantido em cativeiro entre os dias 25 e 27 de Setembro em Nhamatanda, onde tinha ido visitar a família.
O acto foi denunciado pela “Perdiz”, que acusa a PRM de estar a perseguir e a assassinar os seus membros em conluio com os secretários dos bairros e com a Polícia Comunitária, que vão de casa em casa à “caça” dos desmobilizados.
Entretanto, este ataque acontece dias depois de a Renamo ter revelado que se confrontou com as Forças de Defesa e Segurança em pleno Dia da Paz, que se assinalou no dia 4 de Outubro, entre os distritos de Dondo e Nhamatanda, em Sofala, e, tal como das outras vezes, não revelou o número de mortos, tendo deixado tal “tarefa” para o Governo.
Governo responsabiliza a Renamo
O Governo, na voz do ministro da Defesa, Filipe Nyussi, afirma categoricamente que o mesmo é “obra” da Renamo, o que justifica a presença das Forças Armadas de Defesa de Moçambique em todos os cantos do país, pois só assim “elas podem vasculhar aqueles que, por via do diálogo ou usando mecanismos democraticamente estabelecidos, não pretendem resolver as diferenças que possam existir”.
Para Nyussi, estes ataques visam fragilizar as Forças de Defesa e Segurança do país, daí que os seus protagonistas devem ser procurados, encontrados e responsabilizados, e garante que não houve vítimas mortais da parte das forças governamentais.
Renamo distancia-se do ataque
Entretanto, a Renamo não assume a autoria do ataque alegadamente porque não é postura dos seus homens protagonizar tais actos. Segundo Fernando Mazanga, porta-voz do partido, “os nossos homens só reagem a provocações”.
Mazanga foi secundado pelo líder do partido, Afonso Dhlakama, que reafirmou que não pretende fazer outra guerra e que, por mais que o quisesse, não o anunciaria pois “a guerra não se avisa”. “O que o meu partido quer todos sabem, e não é a guerra. Agora, o que nós estamos a dizer é que se alguém vier provocar-nos, nós vamos responder para não apanharmos tiros”.
Apesar desta promessa, o presidente da Renamo diz que os seus homens continuarão a reagir sempre que forem atacados. “Se a Frelimo continuar a atacar-nos, não restam dúvidas de que podemos aceitar um sacrifício mais longo que o dos 16 anos”.
Dhlakama anuncia novas condições para encontro com Guebuza
Dhlakama, que falava em Santhunjira após um encontro com a delegação do Observatório Eleitoral, aproveitou a ocasião para impor novas condições para se encontrar com o Presidente da República, Armando Guebuza.
Diz ele que o frente a frente deve acontecer a 20 quilómetros de Santhunjira ou, caso contrário, que sejam retiradas as Forças de Defesa governamentais que “povoam” o distrito de Gorongosa para que ele possa deslocar-se a Maputo. “Retirem as forças e assim posso ir mais longe, incluindo Maputo e Beira. Tem que ser aqui perto para quando os seus homens (de Guebuza) começarem a disparar eu poder correr e voltar, o que não posso conseguir fazer se eu estiver em Maputo”.
Refira-se que o Presidente da República, Armando Guebuza, escalará nos próximos dias a província de Sofala, onde fará a Presidência Aberta, porém, o seu porta-voz, Edson Macuácua, já veio a público anunciar que não está agendado nenhum encontro com o líder da “Perdiz”.