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Helen Zille reeleita Presidente da DA, o maior partido de oposição da África do Sul

Helen Zille foi reeleita, no último domingo, presidente do maior partido da oposição da África do Sul, a Aliança Democrática, DA, durante o seu 15º congresso Federal, que teve lugar em Boksburg, a este da cidade de Joanesburgo.

No seu primeiro discurso após a reeleição, Zille prometeu pôr fim à hegemonia do partido governamental, o ANC (Congresso Nacional Africano) nas Eleições Gerais de 2014, conquistando o controlo das províncias-chave, com destaque para a de Gauteng (onde estão localizadas as cidades de Joanesburgo e de Pretória).

“Para trazermos uma mudança duradoura, temos de ganhar as Eleições Gerais porque só podemos implementar as nossas políticas quando estivermos no Governo. Não podemos concretizar os nossos planos na oposição”, afirmou Zille aos cerca de mil e 650 delegados, vestidos de camisetas azuis com o emblema do partido.

“O nosso objectivo é tornarmo-nos o Governo da África do Sul para que todos tenham a liberdade de construir uma vida melhor. Acreditamos que se continuarmos neste ritmo poderemos alcançar este objectivo brevemente. Este percurso não será fácil. Nós respeitamos o poder das alianças do passado. Compreendemos o quão devemos aos que lutaram pela nossa liberdade. Sabemos o quão duro é viver acima do seu legado, daí que afirmemos: honra o seu passado, mas seja dono do seu futuro”, defendeu Zille.

O congresso da Aliança Democrática acontece a sensivelmente um mês da realização do Congresso Nacional do ANC em Mangaung, província do Free State, onde o partido dos camaradas irá votar na continuidade ou não do Presidente Jacob Zuma como líder do partido.

De referir que os congressistas da DA elegeram Wilmot James, como secretário federal, equivalente ao cargo de secretário-geral. Por seu turno, Mmusi Maimane manteve-se como porta-voz nacional, enquanto que o líder da ala juvenil, Makashule Gana e o deputado para o círculo eleitoral de Gauteng, Anchen Dreyer, foram nomeados vice-secretários federais.

Os feitos da Aliança Democrática

Um facto inédito é que a Aliança Democrática liderou a união dos partidos da oposição que votaram pela moção de censura contra o Presidente Zuma, um objectivo gorado com o voto da maioria parlamentar do ANC, que depois de pressões acabou por ceder, adiando a discussão do caso para Fevereiro do próximo ano.

A moção foi apresentada, há duas semanas, pela líder parlamentar da DA, Lindiwe Mazibuko, em nome do seu partido e das outras forças políticas da oposição. Para a sua reprovação, o ANC alegou que o acto não passava de “conspiração” e de “publicidade”, e que este assunto não poderia constar da agenda do Parlamento por não ter obtido o consenso junto do Comité Parlamentar de Programação.

Após a reprovação do ANC, Mazibuko aproximou-se junto do Tribunal Supremo do Cabo Ocidental, para que este forçasse o debate no Parlamento da moção de censura contra Zuma, mas o seu pedido foi chumbado pela corte.

A DA venceu vários casos contra o Presidente Zuma nos últimos meses, incluindo a nomeação frustrada de Menzi Simelane como director da Promotoria Judicial e também a obtenção da pauta de julgamento, ou documento de evidência, usado para a retirada das acusações de corrupção contra Jacob Zuma em Abril de 2009.

Os discursos carregados de factos reais e altamente optimistas da sua líder, Helen Zille, caracterizados pelos ganhos do partido na luta contra a pobreza, destacando sempre que a África do Sul se encontrava em fogo cruzado e que necessitava de sangue novo na governação e capaz de gerar mudanças tangíveis e esperança, têm ganhado muita simpatia.

“Estamos a realizar o nosso congresso federal numa altura significante da história do país. Várias pessoas acreditam que o país está a avançar para a direcção errada. Vivemos meses difíceis. Certas pessoas estão a perder esperança do futuro. O Apartheid pode ter acabado, mas a África do Sul continua sendo um país dos que estão por dentro e outros por fora. Notamos isto nas nossas minas, machambas e nas nossas cidades”, considerou Zille.

Os desafios de Zille

O congresso do último fim-de-semana provou a eficácia da liderança de Zille, ao ter reflectido a demografia do país, e pelo emergir da diversidade no seio da cúpula da liderança. Apesar de o partido estar a atravessar um momento político difícil, Zille foi reeleita para um outro mandato sem contestação, e foi a única concorrente à sua própria sucessão.

Numa altura em que se pretende manter a DA como maior força da oposição, os próximos dois anos serão de teste à liderança de Zille. Esta deverá, urgentemente, reconciliar-se com os que perderam as eleições aos mais altos cargos do partido, tendo em conta que são os mesmos que a têm acusado de polarizar o partido na sua figura e de estar a conduzi-lo a uma direcção errada.

Dos líderes derrotados constam os nomes de Masizole Mngasela, porta-voz do Ministério do Interior, Dianne Kohler-Barnard, porta-voz do Ministério da Polícia, e Sandy Kalyan, vice-chefe da bancada parlamentar do partido.

Aliás, Mngasela enviou as suas reivindicações junto da Comissão Eleitoral em torno dos resultados das eleições que ditaram a reeleição de Zille. Ele perdeu na corrida a secretário federal, ganha por Wilmot James, e muitos acreditam que tal se deva ao facto de ele ter tido um desentendimento com a presidente no passado.

Autocrática

Apesar de Zille ter saído do congresso com a sua imagem intacta, muitos membros do partido consideram o facto de ela ter dito que não necessita de um vice-presidente , é uma evidência clara de que ela é uma líder autocrata e que detesta oposição dentro do partido. Mesmo com esses constrangimentos, Zille está confiante de que irá ganhar a simpatia do eleitorado negro e, consequentemente, a Província de Gauteng nas Eleições Gerais de 2014, e, possivelmente, remover o ANC do poder em 2019. “Não sei como é que vocês se sentem, mas eu saio deste congresso muito inspirada e com muita energia por saber o que podemos conquistar agora e em 2014”.

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