A astúcia do seleccionador Boris Pucic, escolhido interinamente para apenas dois jogos, e o regresso do goleador Hélder Pelembe trouxeram a alegria de volta aos adeptos moçambicanos que haviam começado a apelidar a selecção de futebol de minhocas. Ainda faltam 90 minutos, para serem jogados já no próximo sábado (14) em Libreville, mas Moçambique está com um pé na fase de grupos da zona africana de apuramento para o “Mundial” de 2018.
Sem três titulares lesionados com duas opções também com problemas físicos e com um jogador incomunicável, o croata que aceitou o desafio de comandar a selecção de Moçambique conseguiu montar uma equipa que não só não deixou o Gabão marcar em Maputo como ainda recuperou algum do orgulho que tem vindo a ser perdido pelos Mambas.
Soarito ficou com a missão de manter as redes invioladas enquanto o jovem Jeitoso ficou com a responsabilidade de substituir Mexer no centro da defesa. Sem Mohmed Hagy entrou Jumisse e na ausência de Ronny Marcos o seleccionador interino resolveu experimentar Clésio, como havia feito o treinador do Benfica. Em vez de Isac ou Luís no ataque, Pucic foi resgatar Hélder Pelembe.
E o internacional moçambicano, que joga no Bloemfontein Celtic FC da África do Sul, que não envergava a camisola de Moçambique desde 2013, respondeu afirmativamente à aposta.
Os poucos adeptos, que apesar dos resultados pouco positivos se fizeram presentes, ainda estavam a entrar, afinal a partida foi disputada após uma jornada laboral, e Jumisse lançava Reinildo pelo flanco direito. O jogador do Ferroviário da Beira foi à linha de fundo e cruzou para Hélder que na pequena área rematou rente ao poste esquerdo de Ovono.
As ordens eram para atacar e Reinildo cumpria, mais uma vez galgou o flanco direito e serviu para o centro da área só que desta vez não apareceu nenhum companheiro.
Com o Gabão a ver jogar, e a tentar defender à zona, o capitão Dominguez procurava abrir espaços só que pelo centro ou a bola não chegava em condições aos seus colegas ou estes não a controlavam para progredir no terreno.
Em contra-ataque os gaboneses assustavam, e Zainadine Júnior teve que recorrer à falta para travar uma perca de bola na zona central, viu o primeiro amarelo do jogo.
No minuto 17 Dominguez chutou do meio da rua mas o tiro saiu fraco e ao lado da baliza do Ovono.
Perto da meia hora a ansiedade, e algum cansaço, permitiram às Panteras subirem no meio relvado de Moçambique e darem algum trabalho à defesa e quando esta falhou Soarito estava lá. Mas no minuto 30, com um remate do meio do meio relvado o Gabão acertou no poste esquerdo da baliza dos Mambas.
Os moçambicanos acordaram, Reginaldo podia ter aberto o placar quando no minuto 44 apareceu isolado na pequena área e cabeceou por cima da baliza mais um bom cruzamento de Reinildo, que entretanto continuava impecável só que agora no flanco esquerdo.
Na jogada seguinte o lateral dos locomotivas da Beira entrou pela grande área, foi até a linha e cruzou para o centro da pequena área mas um defesa antecipou-se a Hélder Pelembe.
Na segunda vaga de ataque Clésio, que defendeu mais do que atacou, foi até a linha e depois de passar pelo seu defensor serviu a bola, mas ninguém apareceu na pequena área para chutar para a baliza nem os defesas para cortar.
Boris Pucic olhava para o relógio como que a pedir o intervalo, provavelmente para corrigir algo na sua equipa afinal quase não houve tempo para todos os seleccionados treinarem em conjunto antes desta partida.
Depois do descanso Jorge Costa, que não contou com a estrela maior da selecção, o avançado do Borrusia Dormund da Alemanha Pierre-Emerick Aubameyang com um problema muscular, mandou os seus jogadores subirem no relvado e não defenderem tão atrás como fizeram durante a primeira metade.
Dominguez rivalizava com Reinildo no protagonismo e quando não servia estava lá à frente à procura da bola para criar perigo à Ovono.
Até que no minuto 54 Deus, segundo as palavras do internacional moçambicano, deu o momento da noite. Soarito repôs a bola em jogo com um passe longo que foi amortecido por um colega na meia- lua, Elias Pelembe(Dominguez) ajeitou o esférico para Hélder Pelembe que, perto da meia-lua disparou com o pé direito visando o centro da baliza onde Ovono ainda voou mas nada pôde fazer.
Simplesmente espectacular, o avançado que havia sido preterido por João Chissano e depois por Hélder Muianga regressou e devolveu a alegria aos moçambicanos. Nas comemorações, por tirar a camiseta, acabou por ver a cartolina amarela.
O seleccionador do Gabão mexeu na equipa, mas como ele acabou por reconhecer no final o Gabão fez um mau jogo, deu a iniciativa aos moçambicanos e nunca chegou a entrar no jogo. “Foi um mau resultado, queríamos ter marcado fora, queríamos ter conseguido outro resultado. Temos mais um jogo em que vamos ter que rectificar muita coisa, acreditamos que é possível passar. Não é que saia daqui preocupado, mas seguramente é um jogo para ver e rever e tirar ilações, e para rectificar já no sábado”, afirmou Jorge Costa que referiu não ter podido contar com outros jogadores fundamentais, além de Aubameyang, porque sofreram uma pequena má reacção à alimentação do hotel onde estavam alojados.
Mas os Mambas, com cada vez mais apoio das bancadas, jogavam mais tranquilos e trocavam melhor a bola.
Pucic tirou Hélder Pelembe, que foi ovacionado, e lançou Isac para os dez minutos finais. “Dedico esta vitória ao povo moçambicano que há muito vem precisando, agradecer pelo apoio também” disse o herói do Zimpeto.
Entretanto o avançado tricolor continua em crise de golos, primeiro encheu o pé do meio da rua, para boa defesa de Ovono, e depois foi egoísta já em tempos de compensação. Preferir passar pelos defensores quando tinha um companheiro a entrar pelo flanco direito.
Depois soou o apito final, o trio de arbitragem que veio da Mauritânia podia ter feito um melhor trabalho em alguns lances os moçambicanos podem queixar-se do trabalho deles.
A primeira parte da missão do croata, que aceitou o desafio de comandar a selecção de Moçambique, está cumprida o Gabão não marcou em Maputo e os Mambas venceram por 1 a 0.
“Foi um resultado fantástico, mas este jogo foi apenas a primeira parte. Nós temos outros 90 minutos, temos que ir jogar a Libreville e vamos ver depois”, começou por afirmar Boris Pucic que disse também estar muito satisfeito quando o povo moçambicano está feliz. “Hoje estou orgulhoso, estou certo de que os moçambicanos também estão orgulhosos”, acrescentou o seleccionador que agradeceu aos adeptos e prometeu, “se a selecção nacional tiver apoio como hoje não se preocupem com a equipa”.
No sábado(14), joga-se a 2ª mão desta partida, se Moçambique empatar, ou vencer, junta-se às outras 19 selecções que se apurarem para a 3ª ronda de qualificação e que será repartida em cinco grupos de quatro equipas cada. Os vencedores de cada grupo irão representar o continente africano na fase final do Campeonato do Mundo de Futebol em 2018 na Rússia.
Outras partidas desta 2ª pré-eliminatória:
Sudão 0-1 Zâmbia
Togo vs Uganda (12 de Novembro)
Burundi vs RD Congo (12 de Novembro)
Benin vs Burkina Faso (12 de Novembro)
Namíbia vs Guiné-Conacri (12 de Novembro)
Marrocos vs Guiné Equatorial (12 de Novembro)
Madagáscar vs Senegal (13 de Novembro)
Líbia vs Ruanda (13 de Novembro)
Comores vs Gana (13 de Novembro)
Angola vs África do Sul (13 de Novembro)
Libéria vs Costa do Marfim (13 de Novembro)
Níger vs Camarões (13 de Novembro)
Quénia vs Cabo Verde (13 de Novembro)
Mauritânia vs Tunísia (13 de Novembro)
Suazilândia vs Nigéria (13 de Novembro)
Chade vs Egipto (14 de Novembro)
Etiópia vs Congo (14 de Novembro)
Botswana vs Mali (14 de Novembro)
Tanzânia vs Argélia (14 de Novembro)