A oposição haitiana bloqueou nesta quarta-feira a estrada que conecta a capital, Porto Príncipe, com a cidade litorânea de Miragoane, no oeste do país, em uma nova jornada de protestos contra o segundo turno das eleições presidenciais previsto para o próximo dia 24 de Janeiro.
Para esta quarta-feira está previsto em Porto Príncipe uma nova manifestação, a terceira desta semana, contra eleições que a oposição considera fraudulentas, razão pela qual pede seu adiamento.
A situação de violência deteriorou o clima eleitoral desde o início da semana quando pessoas não identificadas incendiaram vários escritórios eleitorais. Meios de comunicação haitianos divulgaram um vídeo da noite de terça-feira no qual se vê membros da polícia batendo com violência em dois manifestantes detidos, os quais obrigam a baixar as calças. O vídeo provocou várias reacções nas redes sociais, nas quais usuários comparam a ação com a violência empregada nas décadas de 1970 e 1980 por membros do antigo exército haitiano.
O presidente do Haiti, Michel Martelly, insistiu ontem que o segundo turno da eleição presidencial não será adiado. Por sua vez, o Senado deve aprovar uma resolução na qual solicita o adiamento do pleito, uma análise para a criação de uma nova comissão de verificação e a renúncia dos membros do Conselho Eleitoral Provisório (CEP).
O CEP, encarregado de organizar o pleito, trabalha atualmente com cinco de seus nove membros depois da renúncia de três deles e a suspensão de outro.
A Missão de Observação Eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA) expressou ontem sua preocupação pelo impasse político perante o segundo turno presidencial na ilha caribenha após a renúncia do candidato opositor, Jude Celestin, e as conseguintes dúvidas sobre a realização do pleito.
A Missão “urge a todos os atores políticos haitianos a envolver-se em diálogo e negociações para encontrar uma solução para este impasse”, acrescentou a OEA.