O director-geral do Instituto Nacional de Saúde (INS) confirmou nesta quarta-feira (08) a existência de casos positivos de covid-19 na Província de Cabo Delgado. São cinco moçambicanos e um estrangeiro que estiveram em contacto com o 10º infectado pelo novo coronavírus na Península de Afungi. “Todos os contactos mapeados estão em quarentena, sendo 35 no acampamento em Afungi, 17 nas cidades de Maputo, Nampula e Pemba, e 14 destes contactos encontram-se fora do país”, revelou o Dr. Ilesh V. Jani que esclareceu que será muito difícil identificar a fonte externa do vírus nos três acampamentos da petrolífera Total onde trabalharam pelo menos mil pessoas e não estão em “lockdown”. Foi ainda detectado mais um caso no novo coronavírus importado de Portugal na Cidade de Maputo.
“A investigação realizada pelas nossas equipes permitiu o mapeamento de 66 contactos, dos quais 64 do meio profissional do primeiro caso positivo (10º paciente) e dois no meio familiar. Todos os contactos mapeados estão em quarentena, sendo 35 no acampamento em Afungi, na Província de Cabo Delgado, e 17 nas cidades de Maputo, Nampula e Pemba, e 14 destes contactos encontram-se fora do país em cinco países, concretamente na África do Sul, na Austrália, na Nova Zelândia, no Reino Unido e nos Estados Unidos da América”, revelou em conferência de imprensa o Dr. Ilesh V. Jani.
De acordo com o responsável máximo do INS “foram submetidos a testagem 32 contactos no acampamento da Total em Afungi, dos quais 27 revelaram-se negativos e cinco positivos para o coronavírus”.
“Portanto cinco dos seus casos positivos que hoje anunciamos relacionados com esta investigação são casos que se encontram no acampamento em Afungi. Entre os 17 contactos que se encontram fora do acampamento, foram testados nove, sendo oito negativos e um positivo aqui na Cidade de Maputo. Ainda hoje, o Instituto Nacional de Saúde vai receber mais 11 amostras que serão objecto de testagem e daremos oportunamente a conhecer os respectivos resultados”, detalhou.
Sendo evidente que o novo coronavírus entrou na Província de Cabo Delgado vindo do exterior, muito provavelmente trazido por um dos expatriados que trabalha para a petrolífera Total no projecto Mozambique LNG de exploração de gás natural na Área 1 da Bacia do Rovuma, o Dr. Jani admitiu que não foi encontrado quem infectou o 10º paciente, afinal a transmissão do novo coronavírus “inicia muitas vezes antes sequer do paciente tornar-se sintomático, antes de desenvolver algum sintoma”. O @Verdade apurou que a petrolífera Total não está a facilitar o rastreamento do estrangeiro que levou o covid-19 para a Península de Afungi.
“É por isso que os países, incluindo Moçambique, implementaram as medidas de distanciamento social, não há como saber se a pessoa que está ao seu lado é ou não é uma pessoas que está a incubar o coronavírus e portanto pode transmitir o vírus, por isso é importante o cumprimento das medidas de higiene e de distanciamento social”, apelou o médico moçambicano.
Detectado mais um caso importado de Portugal na Cidade de Maputo
O director-geral do INS clarificou que “os trabalhadores da Total que foram diagnosticados como positivos para o coronavírus estão em vários grupos etários, são todos do sexo masculino. Dos seis trabalhadores cinco são de nacionalidade moçambicana e um de nacionalidade estrangeira”.
“Os contactos do 10ª paciente estão nas cidade de Maputo, em Nampula, Pemba e no acampamento em Afungi. Nós já completamos a testagem dos contacto do 10º paciente em Maputo e em Nampula. Em Nampula são todos negativos, em Maputo um deles foi positivo para o coronavírus. As amostras dos contactos do 10º paciente que são residentes na Cidade de Pemba estão a caminho do Instituto Nacional de Saúde e serão testadas logo que chegarem na noite de hoje”, acrescentou o Dr. Ilesh V. Jani tendo esclarecido que nenhum dos três acampamentos da petrolífera Total na Península de Afungi foi encerrado completamente, colocado no chamado “lockdown”.
O encerramento completo das operações da Total na Província de Cabo Delgado é uma decisão política com imensas implicações económicas, particularmente após a ExxonMobil ter adiado a sua Decisão Final de Investimento que estava prevista para 2020, por causa dos efeitos globais da pandemia.
Ainda na conferencia de imprensa desta quarta-feira (08), o responsável da instituição pública que realiza os testes ao covid-19 em Moçambique revelou que um outro caso positivo foi identificado na Cidade de Maputo, “é um caso importado de um indivíduo de nacionalidade moçambicana que chegou vindo de Lisboa, Portugal”.
Com sete novos infectados, que elevam para 17 o cumulativo de casos, nove de transmissão local e oito importados, um dos quais um moçambicano que ficou curado, e com os 16 infectados estão em tratamento domiciliar em regime de isolamento Moçambique ainda está num cenário de “casos esporádicos”. Projecções iniciais das autoridades de Saúde indicavam que neste cenário 2 poderiam existir até 2 mil contactos, um óbito e quatro em estado grave.
Nada disso ainda aconteceu e por isso o Dr. Ilesh V. Jani acredita que Moçambique ainda está longe de um cenário grave de transmissão comunitária, contudo “essa possibilidade não pode ser eliminada, portanto queremos recordar que a transmissão deste vírus pode ocorrer a partir de indivíduos que são pré-sintomáticos, a partir de indivíduos que tem uma infecção ligeira, recordo que oito em cada dez infectados tem uma infecção ligeira e esses indivíduos se não obedecerem as medidas de higiene e de distanciamento social potencialmente podem transmitir o vírus a outros membros da comunidade”.