A guerra entre facções na Líbia está a empurrar o país produtor de petróleo para “muito perto de um ponto sem volta”, disse o enviado especial da Organização das Nações Unidas (ONU) ao país, esta terça-feira (28), com os esforços de cessar-fogo e diálogo político sem apresentar resultados.
O número de mortos em duas semanas de combates de rua entre as forças pró-governo e os grupos armados islâmicos na cidade oriental de Benghazi subiu para 170, segundo as fontes médicas. Sete pessoas foram mortas só nesta terça-feira e 15 na segunda-feira.
O país norte-africano tem dois governos e parlamentos desde que um grupo de milícia da cidade ocidental de Misrata tomou em Agosto a capital, Trípoli, e criou o seu próprio gabinete e assembleia.
O governo internacionalmente reconhecido do primeiro-ministro líbio, Abdullah al-Thinni, teve que mudar-se para um local 1.000 quilómetros a leste, onde a eleita Câmara dos Deputados está a trabalhar agora, efectivamente dividindo a grande nação desértica.
No mês passado, o enviado especial da ONU ao país, Bernadino Leon, lançou uma iniciativa para reunir os dois lados para um diálogo e um cessar-fogo. Mas os confrontos pioraram nas duas últimas semanas em Benghazi, bem como no oeste da Líbia.
“Acho que este país está a correr contra o tempo. O perigo para o país é que, nas últimas semanas, estamos a ficar muito perto de um ponto sem volta”, disse Leon a repórteres numa entrevista colectiva televisiva.
As potências ocidentais temem que o produtor de petróleo esteja a caminhar para uma guerra civil. As autoridades são fracas demais para controlar os ex-rebeldes que ajudaram a derrubar Muammar Khaddafi em 2011, mas que agora desafiam a autoridade do Estado para tomar o poder e obter parte das receitas do petróleo.