Entretanto, a Friends of the Earth (Amigos da Terra) já criticou o acordo anunciado pela União Europeia e por líderes Brasileiros, para expandir os biocombustíveis em Moçambique. A organização baseada em Bruxelas considera o acordo para promover os biocombistíveis em África para alimentar carros Europeus como sendo “imoral e perverso” pelo grupo verde.
Em comunicado enviado a nossa Redacção, a organização cita Adrian Bebb, activista para alimentação e agricultura da Friends of the Earth Europe referindo que “a crescente expansão de biocombustíveis em todo mundo não está apenas a prejudicar o ambiente mas também, muitas vezes, prejudica a subsistência das pessoas e o acesso aos alimentos. Usar milhões de hectares de terras agrícolas para plantações de jatropha e cana-de-açúcar em Moçambique, um País que sofre de fome persistente, para cultivo de culturas para alimentar carros Europeus, é imoral e perverso.
Os biocombustíveis não são uma solução para os problemas da mudança climática global, nem da segurança energética ou da pobreza em Moçambique” – anotou. Por seu turno, Anabela Lemos da JA – Justiça Ambiental/ Friends of the Earth de Moçambique sublinha que “a expansão de biocombustíveis no País está a transformar florestas e vegetação naturais em culturas de combustíveis, está a retirar terras férteis das comunidades que estão a cultivar alimentos, e a criar más condições de trabalho e conflitos com a população local pela posse de terra.
Nós queremos investimentos reais em agricultura que nos permitam produzir alimentos e não combustível para carros estrangeiros.” Um novo relatório da Friends of the Earth International, ‘The Jatropha trap’ (a armadilha da Jatropha), avalia a produção de jatropha em Moçambique e destaca a diferença significativa entre a retórica e a realidade.
Os presidentes da Comissão Europeia e do Conselho Europeu, José Manuel Barroso e Herman Van Rompuy, juntamente com o presidente brasileiro Lula da Silva, lançaram quartafeira passada, durante a Quarta Cimeira UE-Brasil em Brasília, um acordo de parceria com Moçambique para desenvolver projectos de bioetanol e de biodiesel. A expansão de culturas de bio-combustíveis em Moçambique já havia sido amplamente criticada por retirar terras férteis usadas pelas comunidades para produzir alimentos, más condições de trabalho para trabalhadores locais e conflitos com a população local pela posse de terra.
Os investidores de biocombustíveis principalmente Europeus e outras companhias estrangeiras, já solicitaram o direito de usar cerca de 4.8 milhões de hectares de terra em Moçambique – quase um sétimo das terras aráveis disponíveis do País. Adrian Bebb descreveu que os objectivos dos biocombustíveis europeus é que estão a causar esta expansão global. As políticas da UE já estão a causar disputa de terras e desflorestamento em todo o Sul.
“Em vez de fazerem acordos para conseguir mais terras no Sul, a UE deveria eliminar a sua política de biocombustíveis, investindo numa agricultura amiga do ambiente e diminuindo a energia que usamos para transporte. – concluiu.