Vinte e dois países emergentes e em desenvolvimento, entre eles o Brasil, a Índia, o México e a Argentina, concordaram na quarta-feira, em Genebra, com uma redução de tarifas em seus intercâmbios comerciais, à margem da reunião ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC).
“Este é um passo importante para a cooperação Sul-Sul”, afirmou o chanceler argentino Jorge Taiana, presidente do grupo, ao anunciar o acordo. Segundo o compromisso alcançado, os 22 países reduzirão em pelo menos 20% suas tarifas para um mínimo de 70% dos produtos que comercializam entre si. Os países signatários são Brasil, Argentina, Paraguai, Chile, México, Uruguai, Cuba, Egito, Índia, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Argélia, Irã, Marrocos, Tailândia, Sri Lanka, Vietnã, Zimbábue, Malásia, Indonésia, Nigéria e Paquistão.
O acordo faz parte das negociações da Rodada de São Paulo de liberalização dos intercâmbios comerciais Sul-Sul lançadas em 2004, que os países em questão pretendem finalizar em Setembro de 2010. Segundo o director da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD), Supachai Panitchpakdi, este acordo deverá aumentar em 8 bilhões de dólares o comércio entre esses países. Para os países envolvidos, o acordo é um exemplo para a estancada Rodada de Doha da OMC, lançada em 2001 com a pretensão de ser concluída em 2005, e que o mundo em desenvolvimento quer concluir em 2010 para pôr fim a anos de negociações infrutíferas.
“Isso mostra que o problema nas negociações de liberalização do comercio não são os países em desenvolvimento. Podemos alcançar um acordo, podemos trabalhar juntos. O problema não está do nosso lado”, afirmou Taiana. “O comércio Sul-Sul é uma boa resposta, apesar de não ser única, para sair da crise”, indicou o chanceler brasileiro Celso Amorim, que não quis, no entanto, comparar o acordo alcançado entre países ao mesmo nível com as negociações de Doha, que envolvem também as nações mais ricas.
Para o ministro indiano do Comércio, Anand Sharma, o acordo mostra o compromisso dos países do Sul em relação ao comércio multilateral. Esse processo começou no México, em 1976, quando um grupo de 77 nações articulou o estabelecimento de um Sistema Global de Preferências Comerciais entre Países em Desenvolvimento.
Depois de várias reuniões no início dos anos 80, 43 países em desenvolvimento adoptaram em 1988, em Belgrado, o acordo definitivo, que entrou em vigor no ano seguinte. Em Junho de 2004, em São Paulo, os ministros dos 22 países lançaram a terceira rodada de negociações, atualmente em desenvolvimento, e à qual podem se somar outras nações, como explicou Taiana.