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Greves contra medidas de austeridade atingem sul da Europa

Policias e manifestantes entraram em confronto na Espanha, Itália e Portugal nesta quarta-feira, enquanto milhões de trabalhadores fizeram uma greve por toda a Europa para protestar contra os cortes nos gastos que dizem agravar a crise económica. Centenas de voos foram cancelados, escolas foram fechadas, fábricas ficaram paralisadas e poucos trens circularam na Espanha e em Portugal, onde os sindicatos promoveram sua primeira greve geral coordenada.

Paralisações na Bélgica interromperam serviços internacionais de comboios. Trabalhadores também protestaram na Grécia e França contra políticas de austeridade que tiveram um pesado efeito económico e agravaram o desemprego na região. Mas as demonstrações organizadas pela Confederação Europeia de Sindicatos não devem forçar os governos a rever suas estratégias de corte de curtos.

Na Espanha, 118 pessoas foram presas – inclusive duas que supostamente teriam material para fazer explosivos – após brigas em piquetes e danos a vitrines. A polícia antichoque de Madri disparou balas de borracha contra manifestantes em um rápido confronto. Cerca de 74 pessoas ficaram feridas.

“Na austeridade, há apenas depressão e desemprego”, disse Fernando Toxo, líder do maior sindicato espanhol, a dezenas de milhares de manifestantes no centro de Madri.

Na região central de Roma, manifestantes entraram em confronto com a polícia antichoque. Cerca de 60 manifestantes foram detidos.

A polícia enfrentou centenas de manifestantes em frente ao Parlamento em Lisboa, onde a televisão portuguesa mostrou imagens ao vivo de pessoas sendo espancadas. Ao menos duas pessoas foram vistas sendo detidas pela polícia, que disse ter reagido em resposta à ataques de pedras de manifestantes.

MAIS RECESSÃO

Em Portugal e na Grécia, a recessão económica se aprofundou no terceiro trimestre, indicaram dados divulgados na quarta-feira. Os dois países receberam ajuda de fundos europeus e estão sob rigorosos programas de austeridade. O desemprego português saltou para o recorde de 15,8 por cento, enquanto na Espanha um em cada quatro trabalhadores está sem emprego.

A produção económica da Grécia encolheu 7,2 por cento na base anual no terceiro trimestre, enquanto o país endividado caminha para o sexto ano de recessão. Quase 26 milhões de pessoas estão desempregadas na União Europeia. Os governos têm em mira os gastos no estimado sistema de saúde universal e nas escolas públicas.

“Todo mundo tem de fazer alguma coisa para chamar atenção para o que está acontecendo”, disse o proprietário de uma loja de ferragens de Barcelona Esteban Quesada, de 58 anos, que fechou sua loja para participar dos protestos na segunda maior cidade da Espanha. “As coisas têm que mudar… O dinheiro acabou ficando com todo o poder e as pessoas, com nenhum. Como isso pôde acontecer?”

Espanha, Portugal e Grécia cortaram os gastos com reformas, salários do funcionalismo público, hospitais e escolas. No entanto, a frustração aumentou, pois os cortes agravaram a recessão económica.

Na Espanha, a maior parte da economia foi engolida pelo pagamento dos juros da dívida nacional, inchados pelo custo do resgate dos bancos após a explosão de uma bolha imobiliária. O aumento dos impostos e os cortes nos gastos são destinados a colocar as finanças públicas de volta em trilhos saudáveis após anos de gastos excessivos. Na Espanha, um boom da construção que durou uma década entrou em colapso, deixando aeroportos, rodovias e arranha-céus abandonados em todo o país.

O banco central da Alemanha, o Bundesbank, disse em um relatório na quarta-feira que a crise da dívida da zona do euro ainda é o risco número um para bancos e seguradoras alemãs e que a situação não melhorou do ano passado.

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