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Greve e protestos desafiam reforma de Sarkozy

Greve e protestos desafiam reforma de Sarkozy

A greve do funcionalismo público perturba os transportes esta terça-feira na França, e sindicatos preparam manifestações para tentar forçar o governo de Nicolas Sarkozy a abandonar o impopular projeto de reforma da idade de aposentação. Aeroportuários, ferroviários, professores, carteiros e os motoristas dos carros-blindados que abastecem caixas eletrônicos juntaram-se aos petroleiros e aos secundaristas num dia dedicado a manifestações contra o projeto que eleva a idade mínima de aposentadoria de 60 para 62 anos.

A paralisação nas refinarias já entra em seu oitavo dia e causa escassez de gasolina e diesel nos postos. Em Nanterre, subúrbio de Paris, confrontos nas ruas deixaram as autoridades em alerta, temendo que os distúrbios isolados registrados na segunda-feira espalhem-se. O Senado deve votar na quarta-feira o projeto, que segundo o governo é crucial para controlar o déficit previdenciário e equilibrar as contas públicas. Mas muitos franceses temem a reversão de direitos adquiridos, e se sentem injustamente punidos.

A maioria dos analistas acha que os protestos minguarão após a aprovação da reforma. Mas os influentes sindicatos franceses, que já derrotaram reformas previdenciárias e trabalhistas em 1995 e 2006, prometem não desistir. “A rua tem poder, e ela pode ser mais poderosa do que o governo”, disse o militante trotskista Olivier Besancenot, líder do Novo Partido Anticapitalista, a uma rádio.

Já a ministra da Justiça, Michele Alliot-Marie, prometeu repressão a eventuais casos de vandalismo. “O direito de se manifestar não significa o direito de partir coisas”, afirmou.

A radicalização dos jovens é o principal temor das autoridades, depois dos incidentes de segunda-feira –carros foram queimados e barricadas foram montadas nos arredores de Paris, e um incêndio consumiu uma escola secundária em Le Mans (oeste). Na terça-feira, cerca de 300 secundaristas ocupam as praças da Bastilha e de la Republique, em Paris.

Rádios noticiaram distúrbios em frente a uma escola em Nanterre, onde a polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar um grupo que atirava pedras. Cerca de metade dos serviços ferroviários estão parados, e entre 30 a 50 por cento dos voos foram cancelados. Mas o metrô de Paris e os trens Eurostar andam normalmente.

A empresa Exxon Mobil disse que a disponibilização de stocks estratégicos está atenuando a escassez de combustível causada pela greve nas 12 refinarias francesas.

A terça-feira é o sexto dia nacional de protesto contra a reforma desde junho, e o governo diz que não tem intenção de recuar das reformas. Analistas preveem que Sarkozy aposta na aprovação do plano para poder priorizar outros temas. “O público continua contrário às reformas previdenciárias, mas tampouco morre de amores pelas greves, e pode cansar-se destas antes que elas pressionem demais por mudanças naquelas”, disse o analista David Lea, da consultoria Control Risks.

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