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Buracos nas estradas provocam greve de “chapas” na Matola

Esta segunda-feira, o dia não amanheceu à semelhança dos outros para os matolenses. Viveram-se logo pela manhã dentro, manifestações por parte de alguns operadores do transportes semi-colectivo de passageiros, vulgo “chapa 100”, que usam a Avenida 4 de Outubro para o seu trajecto.

A greve dos transportadores deve-se a excessivos e enorme buracos que existem ao longo daquela estrada por onde passam dentre várias viaturas, os  “chapas” que garantem grande parte do transporte nos trajectos Museu – T3, Baixa – T3, Machava Socimol – Benfica, Liberdade – Benfica, e outros que partem ou tem como destino o bairro de Benfica, usando esta via que liga a Estrada Nacional nº1 e o estádio da Machava.

Os grevistas não só impediram a circulação de outros transportadores de passageiros, como também dos Transportes Públicos de Maputo (TPM) de/e para o bairro T3. Obrigavam aos condutores a descarregar todos os passageiros e parquear o autocarro.

Porque havia muitos grevistas que deixavam transparecer uma iminente violência, os transportadores públicos não fizeram ouvidos de mercador. Na tentativa de socorrer os já apinhados passageiros nas paragens, alguns motoristas de camionetas (caixa aberta) como o têm feito um pouco por todo o país, exerciam o papel dos “chapeiros” para transportar as pessoas (estudantes e trabalhadores) que há muito que estavam de plantão nas paragens.

Barricadas na estrada

Se na zona do bairro Acordos de Lusaka as manifestações não eram, diga-se, violentas, o mesmo não se pode dizer em relação ao que acontecia algures na Zona Verde, onde os transportadores revoltados colocavam barricadas diversas ao longo da estrada, impedindo assim a circulação de qualquer que fosse viatura. Perante estes cenários, foram mobilizados (não se sabe por quem) agentes da Polícia de Protecção e Força de Intervenção Rápida para dispersar os grevistas e remover as barricadas de maneiras a retomar-se à circulação pelo menos das outras viaturas.

Entretanto o presidente da Associação dos transportadores (UNICOTRAMA), Ricardo Muave, disse que não foi avisado desta manifestação. “Eles não nos avisaram, fiquei surpreso quando recebi telefonemas de outros colegas, dando conta de que os transportadores que usam esta 4 de Outubro estavam em greve”, afirma. Muave disse ainda que as manifestações ou greves não são a melhor forma para resolver os problemas, pelo que os revoltados deviam procurar primar pelo diálogo e não vendo os intentos a surtir efeitos, podiam como último recurso enveredar pela greve.

Edil sob fogo cruzado

Para procurar uma solução para o braço de ferro, o Presidente do Município da Matola, Arão Nhancale, protegido por um grande aparato policial, fez-se ao local de concentração dos protestos, onde não chegou a dialogar com os grevistas, alegadamente por que a agitação era maior.

No memonto em Nhacale chegou na sua viatura os transportadores exigiam, em voz alta, que o município reabilite ou tape os buracos que já existem não só a Avenida 4 de Outubro, como também em outras vias do Município. O edil abandonou o local sem falar com ninguém. Depois dirigiu-se a um estaleiro, algures no bairro T3, onde achou que seria mais seguro e facilmente poder-se-ia controlar os ânimos dos grevistas.

A conversa só foi com os representantes da associação dos transportadores, sendo que os grevistas, no lado de fora, tocavam batuques, entoavam cânticos cuja ênfase era a reabilitação ou tapamento de buracos nas estradas daquela urbe.

Detenções provocam ira dos grevistas

Na sequência desta greve, e devido a desacatos protagonizados na via pública com o bloqueio da estrada e por haverem forçado a pelo menos um autocarro dos TPM a descarregar os passageiros que transportava, a Polícia da República de Moçambique (PRM) deteve na 7ª Esquadra, pelo menos dez pessoas, ligadas aos protestos.

O Chefe das Operações naquela estância policial, Celso Massingue, disse que os cidadãos detidos são aqueles que estavam a incitar a violência, aproveitaram-se dos tumultos para saquearam alguns estabelecimentos comerciais e roubaram dinheiro alheio.

“Estes foram logo encarcerados e as vítimas (lesados) já estão aqui na esquadra para resolver o caso. Porque estes casos de roubo configuram crime, dependendo dos ofendidos poder-se-á abrir um processo-crime contra os indiciados”.

Estas detenções atiçaram os ânimos dos grevistas, de tal maneira que os outros companheiros estacionaram os seus “mini-bus” nas proximidades daquela esquadra o que enervou os agentes da lei e ordem.

“Nós queremos que libertem todos os nossos colegas que estão dentro das celas. Eles não incitaram à violência, isso é uma injustiça da nossa Polícia. Se eles nos matarem, vão responder pelos seus actos”, comenta um dos chapeiros em greve. Na tentativa de dispersá-los do local que para a Polícia era impróprio para manifestar-se, os agentes dispararam tiros para o ar, o que intensificou a agitação e outros mais tiveram a sorte de ser detidos, enquanto isso reforçava o contingente policial.

Curiosamente o repórter d@ Verdade que se encontrava no local foi temporariamente retido na 7ª Esquadra alegadamente porque estava a filmar e gravar junto àquela estância policial. Depois de verificarem o material nos equipamentos de trabalho mencionados os agentes, não tendo encontraram nenhum do conteúdo alegado, libertaram o repórter, restituindo os instrumentos de trabalho.

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