Tranquilizada pela adoção de um plano de ajuda europeu, a Grécia espera a reação dos mercados financeiros para decidir se o país ativará esse salva-vidas ou lançará novas obrigações para refinanciar a sua dívida. Os ministros das Finanças dos países da zona do euro colocaram à disposição de Atenas, no domingo, um plano inédito desde a criação da moeda comum em 1999 prevendo empréstimos de no mínimo 30 bilhões de euros (cerca de U$40 bilhões) para ajudar o país a sair da crise orçamentária que afeta também a Europa.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) elogiou o plano europeu e anunciou que estaria “pronto para fazer parte desse esforço”. A decisão europeia “provocou certo otimismo nos mercados financeiros, os spreads (diferença entre as taxas de juros gregas e alemãs) caíram, a Bolsa de Valores de Atenas reagiu nesta segunda e está em alta. É uma boa decisão que cria condições para sair do túnel e avançar, se o governo tomar as medidas necessárias”, afirmou à AFP o especialista financeiro, Manos Hatzidakis, da sociedade grega de corretores Pigasos.
As taxas dos títulos do Estado grego caíram significativamente nesta segunda-feira no mercado de obrigações europeu, abaixo da barreira dos 7%. Essa taxa havia passado dos 7,5% na quinta-feira, um recorde desde a entrada da Grécia na zona do euro em 2001. A Bolsa de Atenas aproximou-se dos 5% de alta na metade do dia. Hatzidakis estimou que o governo espera a reação dos mercados: “eles querem primeiramente ver a reação dos mercados e eventualmente recorrer ao plano de ajuda europeu se as taxas continuarem exorbitantes, é preciso esperar para ver”.
O ministro grego das Finanças, Georges Papaconstantinou, sustentou no domingo que “o governo grego não pediu a ativação imediata do mecanismo apesar de que já esteja disponível. Acreditamos que poderemos continuar a pegar empréstimos no mercado sem dificuldades”, sublinhou. “Esse mecanismo de apoio, nós o queremos como um rede de segurança”, informou nesta segunda o porta-voz do governo, Georges Petalotis.
Para Arnaud Tellier, dirigente de um grande banco francês em Atenas, “a Grécia teria todo o interesse em pedir imediatamente a ativação desse dinheiro porque suas necessidades de financiamento para esse ano estariam cobertas e, se as taxas baixarem verdadeiramente, permitiria aos bancos gregos se financiarem com melhores condições”. “Mas a Grécia – sugeriu – teme talvez que, se ela pedir a ativação do plano, a União Europeia e o FMI lhe imponham novas medidas restritivas”.
O diário financeiro Naftemporiki afirmou nesta segunda que “a decisão da UE (…) constitui um voto de confiança no governo grego e uma evolução que traz tranquilidade, mesmo que provisória”. O jornal cita o presidente da Bolsa de Atenas, Spyros Capralos: a decisão “dá uma boa dose de oxigênio para a Grécia” e deverá “ter uma repercussão positiva sobre a evolução do mercado financeiro”.
A Grécia emitirá amanhã, terça-feira, títulos do tesouro com valores de 1,2 bilhão de euros, um teste limitado visto a fragilidade do montante. “Esse gênero de emissão é, em geral, assinado pelos bancos locais e os particulares que retiram disso uma isenção fiscal”, notou Arnaud Tellier.