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Governo sul-africano pede calma depois da morte de extremista branco

As autoridades sul-africanas tentaram esta segunda-feira apaziguar os ânimos e impedir os distúrbios públicos depois do assassinato do líder da ultradireita branca, Eugene Terre’Blanche, cujos partidários prometeram vingança.

Terre’Blanche dedicou a vida à defesa da supremacia dos brancos e à manutenção do apartheid e seu grupo, o Movimento de Resistência Africâner (AWB), que se opôs com violência à transição pós-apartheid no começo dos anos 1990, se reunirá em 1º de maio para decidir como responder à morte do líder. Segundo a polícia, o líder racista teria sido assassinado por dois empregados de uma fazenda por uma discussão pela falta de pagamento dos salários.

Um dia depois de uma intervenção pela televisão do presidente Jacob Zuma, que pediu calma e unidade à população, altos dirigentes regionais viajaram a Ventersdorp, oeste de Johannesburgo, onde Terre’Brancle foi assassinado. O medo e o ódio eram palpáveis em Ventersdorp, povoado de origem de Terre’Blanche e antigo reduto do AWB.

Maureen Modiselle, chefe do Governo da Província do Noroeste, está reunido com a família de Terre’Blanche, segundo informou seu porta-voz, sem revelar mais detalhes. Representantes da oposição também estavam presentes no local, onde foi mobilizado um importante dispositivo policial. As forças oficiais devem permanecer em Ventersdorp pelo menos até o funeral, que acontecerá na na próxima sexta-feira ao meio-dia na igreja de Ventersdorp.

“Decidiremos as ações para vingar a morte de Terre’Blanche. Vamos agir, e nossas ações específicas serão decididas na conferência de 1º de maio”, declarou à AFP o secretário-geral do AWB, André Visagie. “Ele foi morto a golpes de facões e com tubos de encanamento. Ele foi agredido até a morte”, destacou, acrescentando que pediu aos membros do movimento, que pedem vingança, para que “fiquem calmos”.

Em frente à fazenda do ex-líder de extrema-direita, onde seu corpo foi encontrado no sábado, dezenas de partidários se reuniram. “Eles (os negros) matam nossos fazendeiros”, declarou um deles, que pediu para ter sua identidade preservada por medo de “represálias”. “Matar um idoso assim, enquanto dormia, não há do que se orgulhar”, acrescentou. Terre’Blanche tinha 69 anos.

O assassinato reaviva as tensões raciais em um país onde a cor da pele continua sendo um fator de divisão, 16 anos depois do fim oficial do regime do apartheid. Consciente do que o caso pode provocar, o presidente Zuma pediu calma e que “os sul-africanos não permitam aos agentes provocadores se aproveitar da situação para incitar, ou para alimentar, o ódio racial”. Os dois trabalhadores agrícolas, de 15 e 21 anos, empregados por Terre’Blanche se entregaram à polícia e admitiram ter se desentendido com o patrão por causa de salários não pagos.

Na terça-feira serão levados à justiça. O Congresso Nacional Africano (ANC, no poder) é criticado por ter deixado o líder de seu movimento juvenil, o controverso Julius Malema, retomar um canto de luta anti-apartheid que pede que se “mate os boers” (os fazendeiros brancos). Esta canção, que os tribunais acabam de proibir, provocou comoção em certas áreas da comunidade branca, preocupadas com a convocação à violência.

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