O Governo moçambicano quer que a gastronomia moçambicana seja servida permanentemente nos hotéis e restaurantes do país, como forma de promover as potencialidades nacionais nesta área.
O ministro do Turismo, Carvalho Muária, que recentemente reuniu com operadores da cidade e província de Maputo, disse que em grande parte dos hotéis e restaurantes desta parcela do país não há comida tipicamente moçambicana.
“Não há comida moçambicana nos restaurantes e hotéis da cidade e província de Maputo. Porque é que não privilegiamos a nossa gastronomia? Não estou a dizer que tenhamos que deixar de cozinhar outros pratos, mas ter pelo menos um prato moçambicano ou dedicar um dia da semana à gastronomia nacional”, disse Muaria.
Ele acrescentou que “o nosso país tem várias potencialidades turísticas que servem de cartão de visitas, e a nossa comida pode ser mais um cartão”. De acordo com o Ministro, com a nossa comida podemos fazer com que os turistas, por exemplo, falem de Moçambique exactamente por terem se deliciado de uma matapa e mucapata ou outros pratos locais.
O problema da falta de promoção da gastronomia nacional se verifica um pouco por todo o país. É possível ir a uma zona do país e ter que circular sem encontrar um restaurante onde se confeccionam comidas típicas. A gastronomia nacional é geralmente promovida em feiras especificas ou em grandes eventos, dos quais participam figu- ras destacadas do governo e não só.
Os operadores dizem que têm vontade de colocar pratos moçambicanos no seu menú, por reconhecerem a existência de muitos turistas que procuram a gastronomia moçambicana mas que não a encontram. Porém, o problema prende-se com o acesso aos produtos utilizados para se confeccionar tais pratos.
Manuel Cabinda, operador da província de Maputo, disse que, geralmente, os produtos nacionais não respondem aos níveis de qualidade exigidos, e enfren- tam o problema de disponibilidade dos mesmos.
“Podemos querer promover a gastronomia moçambicana, mas os produtos não respondem a qualidade exigida e muitas vezes chega uma altura em que não há disponibilidade dos mesmos. E isso pode afectar o negócio porque num momento teremos determinados pratos e num outro não”, explicou.
José Franco, outro operador, defendeu que uma das formas de garantir que sejam servidos pratos típicos da gastronomia moçambicana seria incluir nas licenças de funcionamento uma cláusula que impõe que no menu constem pratos moçambicanos. Para Muária, uma das formas de resolver o problema de disponibilidade dos produtos no mercado é assinar acordos com os produtores nacionais.
“É possível ter continuidade, sobretudo se se assinarem acordos com os produtores. Estes sabendo que têm mercado, são capazes de criar todas as condições para produzir durante todo o ano e disponibilizar os produtos de forma continua. Se quisermos de facto servir gastronomia moçambicana, as coisas vão acontecer”, defendeu.
“Promovamos as nossas comidas, nem que seja aos fins-de-semana, servindo buffets”, acrescentou Ele.