Os membros do Executivo de Filipe Nyusi decidiram contribuir com um dia do seu salário, que não é do conhecimento público(mas sabe-se que acumula, além do rendimento base, subsídios e outras regalias), para apoiar as vítimas das calamidades naturais. Acompanhando a narrativa do sofrimento do povo, pincelada com imagens do gado que morreu(cujas carcaças aparentam estar teatralmente guardadas para as visitas), segue mais um pedido de fundos, 63 milhões de meticais diz o Governo ser o défice do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), ignorando que só um dos Ministérios gastou mais de 250 milhões de meticais na compra de carros de alta cilindrada novos e importados.
São 166.936 os moçambicanos afectados pela seca nas províncias de Gaza, Inhambane e Sofala, de acordo com dados do dia 19 de Fevereiro do Centro Nacional Operativo de Emergência(CENOE). Um cenário previsto há mais de um ano pelos meteorologistas pois deve-se à influência em todo o planeta, desde 2015, do fenómeno climatérico “El Nino”, um dos três mais fortes dos últimos 50 anos e que está previsto durar até pelo menos Junho.
Mas se por um lado a má campanha agrícola e os pastos secos, no Sul e Centro de Moçambique, geram a necessidade urgente de apoio alimentar por outro lado existe água nos lençóis freáticos, mesmos nas zonas mais fustigadas pela estiagem, por isso a solução do Executivo e parceiros de cooperação tem sido a abertura de mais furos de água, é certo mais profundos, mas nada que não pudesse ter sido realizado atempadamente.
Entretanto a romaria dos governantes não pára, depois do primeiro-ministro agora são os deputados e só falta mesmo o Presidente da República visitar as vítimas da seca.
Nesta terça-feira(23) o Governo, após mais uma reunião do Conselho de Ministros apelou aos moçambicanos a “solidarizarem-se para com às famílias afectadas pela seca no país, tomando algumas iniciativas que levem a minorar o impacto negativo da situação”. Ademais, de acordo com o Executivo, há um défice de 63 milhões de meticais para o INGC fazer frente aos desastres naturais que assolam o país.
Importa recordar que o plano de contingências, elaborado e aprovado pelo Executivo de Nyusi em 2015, previa para um cenário de emergência – composto por ventos fortes, inundações localizadas nas vilas e cidades e a seca, e que podiam afectar até 485 mil pessoas – a necessidade de 250.599.999,73 meticais.
Contudo em finais de Janeiro, cerca de um mês após o Fundo Monetário Internacional haver aprovado um empréstimo de 282 milhões de dólares norte-americanos para Moçambique, o Ministério da Economia e Finanças decidiu comprar de uma única vez 95 viaturas de alta cilindrada, 27 delas de luxo, orçadas em 254.226.013,38 meticais. Uma vez que o nosso país não produz viaturas estas devem ser importadas e portanto, além dos meticais, custam divisas que o banco central afirma fazerem falta para as suas Reservas.
É fundamental não esquecer que o Plano Quinquenal, e os Planos Económicos e Sociais, que o Presidente Filipe Nyusi, e o seu Executivo, não se cansa de repetir que está a ser materializado não refere a compra de nenhuma viatura de alta cilindrada ou de luxo.