O governo moçambicano está a busca de uma melhor engenharia financeira para a construção da Barragem de Moamba-Major sob o leito do rio Incomáti, na província do Maputo, sul de Moçambique, avaliada em 360 milhões de dólares e que deverá responder à demanda por água na cidade de Maputo nos próximos 20 anos.
Segundo dados avançados pelo Vice-ministro das Obras Públicas e Habitação, Gabriel Muthisse, citado pelo matutino “Notícias”, na sua edição de hoje, a ideia é conceber uma engenharia financeira que envolva injecção de fundos privados. “Neste momento estamos a ver como é que podemos conceber e estruturar uma engenharia financeira que não seja necessariamente com base em fundos públicos. O problema é encontrar as melhores vias para financiar o programa. Este é um projecto social que tem retorno económico, tanto é que esta barragem também vai produzir energia, o que aumenta a sua viabilidade”, disse recentemente Muthisse, numa reunião técnica envolvendo Moçambique e o Brasil.
O projecto envolve algumas instituições empresárias moçambicanas e a firma brasileira Andrade Guterres. Segundo Muthisse, esta é uma infraestrutura cuja importância vai ser cada vez mais visível nos próximos cinco anos, uma vez que a Barragem do Umbelúzi, que actualmente serve a cidade de Maputo, está a chegar ao limite da sua capacidade de prover água para os diferentes usos, incluindo o abastecimento à cidade de Maputo e para fins industriais.
O crescimento e a expansão do abastecimento de água às cidades de Maputo e Matola, bem como o crescimento do parque industrial, em particular na zona de Beluluane, estão na origem deste projecto, que vem sendo debatido há sensivelmente dez anos. Para além do abastecimento de água, a barragem deverá permitir a irrigação de vários hectares de terra numa zona que é sucessivamente afectada pela seca e ainda gerar energia que poderá ser usada para suprir as necessidades nas horas de ponta ou mesmo para a exportação.
Um estudo de viabilidade realizado há alguns anos mostra que, em função dos diferentes usos da água, a barragem poderá por si própria gerar fundos que garantam a amortização dos custos da sua construção. A conclusão da engenharia financeira vai determinar o início das obras, e da sua actividade. Para além da Barragem de Moamba- Major, o Governo moçambicano iniciou contactos exploratórios visando desenvolver uma capacidade de construção de barragens subterrâneas para a captação da água das chuvas.
Estas são destinadas fundamentalmente às zonas áridas e semi-áridas. “Moçambique é um país com uma distribuição desigual de recursos hídricos. Há regiões que têm uma abundância de recursos hídricos e outras não. A Barragem de Moamba-Major e as barragens subterrâneas trariam um balanço no que se refere a disponibilidade de recursos hídricos para vários fins”, frisou Muthisse.