Com recurso à força policial e aos Serviços de Inteligência e Segurança do Estado (SISE), o governo distrital de Palma, na província de Cabo Delgado, é acusado pelo Centro Terra Viva (CTV) de intimidações e tentativa de obstruir o seu trabalho no processo de implantação do projecto de gás naquele ponto do país.
O CTV é uma instituição não governamental moçambicana de investigação e intervenção ambiental e tem vindo a advogar a favor das comunidades nos processos relacionados com o direito à terra, em particular no projecto de gás de Palma que envolve as multinacionais Anadarko e ENI.
Sucede que no passado dia 22 do corrente mês, a directora-geral daquele organismo, Alda Salomão, que se encontrava no distrito de Palma, teria sido interceptada e conduzida pela polícia à Esquadra onde foi interrogada pelo Chefe das Operações afecto no posto e por um agente dos Serviços de Informação e Segurança do Estado, acusada de desacato à lei e incitação à violência.
No decorrer do interrogatório a polícia teria revelado à directora que aquele acto descomunal foi instruído pelo secretário permanente do distrito, Abdul Cartela, alegadamente, por este ter constatado que “as reuniões do Governo com as comunidades afectadas pelo projecto de exploração do gás natural, das multinacionais Anadarko e ENI, estavam a correr mal desde que a CTV esclareceu os cidadãos daquela zona sobre os seus direitos e deveres em relação à terra e a outros recursos naturais”, lê-se num documento da CTV a que o @Verdade teve acesso. Ou seja, a intervenção do Centro naquele caso estava a incomodar o governo local.
No interrogatório, que durou cerca de vinte e cinco minutos, a polícia exigiu que lhe fosse apresentado uma credencial que a autorizava a CTV a operar naquele distrito.
De resto, este não é um caso isolado de actos de intimidação às organizações não governamentais que se opõe aos projectos tidos como nocivos às comunidades residentes nos locais de implementação. Recentemente, a diversas organizações repudiaram actos de intimidações protagonizadas contra si por se oporem ao ProSavana.