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Governo de Nyusi retoma negociações com credores da dívida ilegal da EMATUM para acordo “até finais de Setembro”

Governo de Nyusi retoma negociações com credores da dívida ilegal da EMATUM para acordo “até finais de Setembro”

Foto de Adérito CaldeiraO ministro da Economia e Finanças revelou que durante esta semana serão retomadas as negociações com os credores da dívida da EMATUM, denominados bondholders, para que aceitem a proposta de reestruturação apresentada em Maio pelo Governo de Filipe Nyusi e o objectivo é chegar a acordo “até finais de Setembro”, apesar do Conselho Constitucional ter confirmado que o empréstimo foi contraído à margem da Constituição da República e lei orçamental. Paradoxalmente, se o acordo for fechado, acontecerá, mais uma vez, sem a aprovação da Assembleia da República e sem a consulta dos moçambicanos que ficarão com a obrigação de paga-la até 2033.

No passado dia 3 de Junho o Conselho Constitucional declarou, através do Acórdão nº 5/CC/2019, “a nulidade dos actos inerentes ao empréstimo contraído pela EMATUM,SA, e a respectiva garantia soberana conferida pelo Governo, em 2013, com todas as consequências legais.”

Para o Governo, embora o Acórdão do Conselho Constitucional seja irrevogável e de cumprimento obrigatório, como reconheceu durante o seu último Informe sobre o Estado da Nação o Presidente da República, em vez de anular as dívidas da EMATUM, “Como Estado cumpre-nos salvaguardar a credibilidade do país ao abrigo da legislação internacional, estamos a acompanhar as implicações da decisão e como sempre a nossa postura será guiada pela defesa dos interesses do país e dos moçambicanos”, anunciou na ocasião Filipe Nyusi.

Mas na passada sexta-feira (23), durante um encontro com editores dos meios de comunicação, o ministro Adriano Maleiane confirmou que o Executivo não vai acatar a decisão do Conselho Constitucional e irá retomar as negociações com os credores da Empresa Moçambicana de Atum (EMATUM) pois é a única solução para que Moçambique deixe de ser um Estado caloteiro, seja melhor avaliado pelas Agências de Rating e possa volta a aceder aos mercados financeiros internacionais.

O ministro da Economia e Finanças esclareceu que ouvidos vários especialistas de Direito o entendimento do Governo é que Moçambique tem que aceitar a lei que foi acordada para dirimir conflitos, que é a lei do Reino Unido.

“O que ficou claro é que nós temos que negociar, temos que negociar com os bondholders, temos que fechar, temos de negociar com os bondholders de boa-fé”, afirmou o ministro Maleiane explicando que durante esta semana será formalizado um convite a todos os credores da EMATUM para a aceitação dos termos de reestruturação dos pagamentos apresentado a 31 de Maio passado.

 

Acordo com credores da EMATUM “até finais de Setembro e sem passar pela Assembleia da República

A proposta do Governo de Nyusi é retomar as amortizações da dívida da EMATUM a partir de 15 de Março de 2020, pagando inicialmente apenas os juros até 2027 e, entre 2028 e 2033, pagar o resgate completo. Contas feitas pelo @Verdade indicam que a reestruturação dos 850 milhões de dólares contratados em 2013 violando a Constituição da República e a lei orçamental custará aos moçambicanos cerca de 1,8 bilião de dólares norte-americanos.

A proposta foi aceite por 60 por cento dos credores da EMATUM, que são representados pelo Grupo Global de Obrigacionistas de Moçambique, no entanto o Governo de Filipe Nyusi precisa de convencer a pelo menos 75 por cento dos credores, segundo as regras dos mercados de capitais, para fechar o acordo de reestruturação.

De acordo com o ministro da Economia e Finanças a expectativa do Governo é que a proposta seja aceite e um acordo seja alcançado com os credores “até finais de Setembro, dia 20 de Setembro, nós podíamos estar sentados com esses que representam 75 por cento e fecharmos as coisas. Fecharmos as coisas no entendimento que, pela Constituição e para a nossa população, que as terceiras pessoas de boa fé não podem ser prejudicadas”, clarificou Adriano Maleiane.

Foto de Adérito CaldeiraSegundo o ministro Adriano Maleiane a decisão de pagar aos credores “de boa-fé” é mais um adiantamento para que Moçambique possa sair da situação de pais caloteiro que impede a retoma de um Programa financeiro com o Fundo Monetário Internacional, veda o acesso aos mercados de capitais e até limita os financiamentos de instituições multilaterais e os milhões serão recuperados através das acções que a Procuradoria-Geral da República está a encetar contra os moçambicanos que se beneficiaram das dívidas ilegais e também contra o Grupo Privinvest, que terá sobrefacturado quase 1 biliões de dólares nos bens e serviços que forneceu.

O @Verdade apurou que o Executivo em fim de mandato entende que a reestruturação com os credores da EMATUM, que significam novos encargos de dívida externa durante os próximos 13 anos, não é uma nova dívida e por isso não irá submete-la à Assembleia da República, como mandata a Constituição da República e a nova legislação relativa a contratação de empréstimos pelo Estado.

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