Para continuarmos  a fazer jornalismo independente dos políticos e da vontade dos anunciantes o @Verdade passou a ter um preço.

 
ADVERTISEMENT

Governo de Nyusi não tem 46 milhões de meticais para contenção de emergência da lagarta do funil de milho

Governo de Nyusi não tem 46 milhões de meticais para contenção de emergência da lagarta do funil de milho

Fotos FAEF-UEMAs boas perspectivas de produção do milho na campanha agrária 2017/2018 estão a ser afectadas pela voracidade da lagarta do funil de milho que infestou mais de 41 mil hectares. Embora o Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar (MASA) garanta que está a lidar com a praga o investigador e docente universitário Domingo Cugala alerta que “não temos solução até agora, a única solução são os químicos”. O @Verdade apurou que a verba disponível do Orçamento de Estado nem sequer chega para adquirir metade dos pesticidas e materiais de contenção de emergência que são necessários.

Aos olhos dos leigos não é fácil ver quando os insectos Spodoptera frugiperda chegam a voar às plantas de milho, arroz ou da mapira, assemelham-se a tantos outros com os quais convivemos pacificamente todos os dias.

Mas o drama tem início perto de uma semana depois quando as centenas de ovos, geralmente depositados durante a noite sobre as folhas inferiores, começam a eclodir e as pequenas larvas começam a alimentar-se da parte inferior das folhas mais jovens. A medida que crescem as larvas tornam-se verdadeiras canibais, atacando o funil da planta de milho, o caule, a espiga e até mesmo a inflorescência e acabando por dizimar toda planta.

Detectada pela primeira vez em Moçambique em Janeiro de 2017 a praga da lagarta do funil de milho, inicialmente confundida pelas autoridades com a doença da broca de milho, tinha afectado até ao início do ano 41.975 hectares plantados durante a 1ª época da campanha agrícola 2017/2018, com maior incidência nas províncias de Gaza, Sofala e Tete.

O departamento de sanidade vegetal do MASA indicava que aproximadamente 30 mil famílias tiveram as suas machambas de milho afectadas porém a praga estaria controlada tendo dizimado somente 2.745 hectares, do 1,3 milhão de hectares onde se plantam esta que é a principal cultura alimentar em Moçambique.

“Podemos assustar mas temos que dizer que não temos solução até agora”

No entanto a avaliação oficial é refutada por Domingo Cugala, professor e investigador da Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal da Universidade Eduardo Mondlane, para quem a lagarta do funil de milho “(…) está a criar tanto problema é porque não tem inimigo natural que a trave”.

“Podemos falar de controle biológico para animar as pessoas e dizermos que temos a solução, enquanto não temos a solução. Podemos assustar mas temos que dizer que não temos solução até agora, a única solução são os químicos” revelou Cugala durante uma conferência recente organizada pelo Observatório do Meio Rural em Maputo.

O académico moçambicano acrescentou que tem alertado às autoridades da Agricultura que existem “duas alternativas, ou não produzimos o milho ou aplicamos químicos para produzir o milho. Agora temos que ver que químicos vamos usar, nós estamos a testar alguns químicos no Chókwè e aqui em Maputo para ver quais são sustentáveis do ponto de vista de saúde humana assim como do ambiente”.

Necessários 46 milhões para pesticidas e materiais de contenção da praga, Governo só tem 22 milhões para todas actividades

O @Verdade descobriu que o custo dos 28 pesticidas recomendados pelo MASA para controlar a praga do funil do milho não são sustentáveis do ponto de vista económico para a maioria dos camponeses, nem sequer para o Governo de Filipe Nyusi. Na capital do país o @Verdade apurou que um dos mais baratos pesticidas registados, identificado pelo nome de Abamectyin 1.8EC, custa 590 meticais por litro.

A recomendação do MASA é que seja aplicado 1 litro por cada hectare. Um outro pesticida com quantidade de aplicação similar é o Chlorpirifos 480 EC que é vendido a 988 meticais o litro.

No entanto o Departamento de Sanidade Vegetal do Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar recomenda aos camponeses efectuarem a rotação de insecticidas. Dois outros químicos recomendados são o Indoxacarb, cujo quilograma é vendido a mais de 21 mil meticais, e o Spinosad, cujo litro é comercializado em Maputo a 28 mil meticais.

A avaliação de Domingos Cugala, que será a principal autoridade na investigação desta praga em Moçambique, é de certa forma corroborada pelo plano de acção aprovado a 13 de Março pelo Conselho de Ministro e que prevê um novo levantamento e reavaliação do impacto da lagarta do funil de milho, só essa actividade orçada em 10 milhões de meticais.

Do plano governamental orçado em 168 milhões de meticais o @Verdade descortinou que 107.451.750 meticais são para lidar com esta praga que tudo indica está a causar danos maiores do que os tornados públicos.

Como já é tradição do Governo não há dinheiro para executar estas actividades, classificadas como de emergência, do Orçamento de Estado existiam disponíveis pouco mais de 22 milhões de meticais.

Este montante que o Executivo de Nyusi tem não chega sequer para comprar os pesticidas e materiais necessários de contenção da praga que o MASA quantificou em pouco mais de 47 milhões de meticais.

À medida que a 1ª época da campanha agrícola chega ao seu término aumentam os relatos de campos de milho completamente dizimados um pouco por todo Moçambique.

WhatsApp
Facebook
Twitter
LinkedIn
Telegram

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

error: Content is protected !!