O Governo burundês rejeitou esta quarta-feira um relatório da Amnistia Internacional (AÍ) segundo o qual existem à volta da cidade de Bujumbura que deu valas comuns contendo uma centena de vítimas das violências ocorridas no início de Dezembro último nesta cidade capital burundesa. Neste relatório, a Organização Não Governamental (ONG) internacional afirma basear-se em imagens obtidas via satélite e que mostram uma terra removida.
Para o Governo burundês, trata-se apenas, por parte da AI duma “nova tentativa de manchar a imagem do país”. As autoridades burundesas sublinham, relativamente a esta questão, que estas imagens de terra removida foram tomadas numa zona agrícola e que, por isso, não podem constituir uma prova material da existência de valas comuns no Burundi.
Um comunicado do secretariado-geral do Governo burundês fustiga, por outro lado, a escolha da data de publicação do relatório que, segundo ele, “mostra claramente que a ONG pretende criar a emoção, do lado dos chefes de Estado, e influenciar a sua decisão” durante a recente cimeira da União Africana (UA) em Addis-Abeba, na Etiópia, consagrada, em grande parte, à situação de crise no Burundi.
A cimeira devia, nomeadamente, deliberar sobre uma proposta do Conselho de Paz e Segurança da UA de enviar uma Missão Africana de Prevenção e Proteção no Burundi (MAPROBU) para impedir a espiral de violências persistentes neste país e que fizeram pelo menos 400 mortos. Estas violências levaram ao exílio forçado cerca de 300 mil outros cidadãos nos últimos nove meses, segundo um outro relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
Todavia, o comunicado saúda a “decisão sensata” dos chefes de Estado africanos de adiar o envio de tropas ao Burundi para darem a possibilidade a uma solução negociada entre todos os protagonistas da crise.
O Governo burundês acusa a AI de obcecação contra o Burundi, lembrando um precedente relatório sobre alegadas execuções sumárias imputadas a militares burundeses em Dezembro de 2014, durante uma ofensiva contra grupos armados que atacavam Cibitoko e Kayanza, duas províncias do oeste e do norte burundês, fronteiriças do Ruanda e da República Democrática do Congo.
O Governo burundês assegurou que não haverá “genocídio” no Burundi.