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Governo apela empresariado a investir na cultura

Governo apela empresariado a investir na cultura

O governo moçambicano quer ver o empresariado nacional mais envolvido em iniciativas de âmbito cultural, canalizando os seus investimentos na organização de eventos assim como na construção de infraestruturas deste ramo. Esse desejo foi manifestado pelo Ministro da Cultura, Armando Artur, falando durante um encontro que manteve, na semana passada, com jornalistas culturais e editores de diversos órgãos de informação, destinado a auscultar os profissionais da comunicação social em matéria de gestão cultural no país.

O Ministro pediu o apoio dos jornalistas na missão de sensibilização dos empresários moçambicanos para que estes passem também a dedicar as suas apostas de investimento para a área da cultura que, segundo ele, constitui uma das poucas exploradas em termos de investimentos. “É necessário que os empresários saibam investir na área de Cultura, em todos os seus aspectos, incluindo a organização de festivais culturais e a implantação de infra-estruturas’, disse Artur, para quem “a cultura é um algo que diz respeito a todos nós”.

Na mesma ocasião, o governante moçambicano defendeu a necessidade de se incentivar o aparecimento de “agentes culturais”, em Moçambique, que possam complementar o trabalho dos produtores de artes e cultura. “O que acontece é que um artista para além de conceber e produzir a sua obra tem de se preocupar ainda pela venda da mesma, o que, nalgumas vezes, só traz prejuízos ao artista”, afirmou o Ministro, explicando que os agentes culturais encarregar-se-iam de estabelecer a ponte entre o artista e o consumidor.

No encontro, os jornalistas apresentaram ao ministro algumas inquietações na área cultural como, por exemplo, a não capitalização de obras culturais actualmente catalogadas como “património da humanidade”, ou qualquer outro grau de reconhecimento ao nível nacional ou mundial, bem como a aparente apatia das autoridades no combate a pirataria, entre outras questões.

Comentando essas inquietações, o Ministro prometeu que o governo vai continuar a trabalhar com os seus parceiros no sentido de promover uma série de acções destinadas a transformar as obras culturais mundialmente reconhecidas num verdadeiro “cartão de visita”.

Nesta ordem de ideias, segundo Armando Artur, pretende-se promover mais festivais de Timbila e Nyau, só para citar algumas obras culturais, fazendo com que estas duas danças mundialmente reconhecidas passem a ser mais-uma-valia para a renda do pais. No caso da Timbila, de acordo com o governante moçambicano, está em carteira um projecto no sentido de vedar o espaço onde habitualmente se realizam os festivais anuais desta modalidade de dança em Quissico, distrito de Zavala, na província meridional de Inhambane.

Aliás, Zavala é considerado o berço da Timbila, e o governo quer que, com a vedação do espaço, possam ser realizadas sessões de Timbila onde o acesso será mediante o pagamento de algum valor, isto sem prejuízo para os festivais anuais, M’saho.

O Nyau é uma expressão cultural originária da província de Tete, centro noroeste de Moçambique, sendo que, anualmente, são promovidos festivais internacionais desta dança envolvendo a Zâmbia e o Malawi, onde também é praticada por comunidades locais. Tal como a Timbila, a Dança Nyau foi certificada pela Organização das Nações Unida para Educação Ciência e Cultura (UNESCO) em Novembro de 2005, como uma obra-prima do património oral e intangível da humanidade.

Sobre a pirataria, o ministro disse que este é um assunto que deve mexer a todos sectores da sociedade, desde o governo, produtores, comerciantes e o público consumidor. Durante o encontro, o ministro anunciou estar em curso trabalhos preparatórios para a criação, no país, do Conselho de Cultura, um órgão que se dedicara ao aconselhamento do governo em aspectos de carácter cultural. Para o efeito, está em perspectiva a realização de uma reunião nacional de produtores de artes e cultura.

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