A província meridional de Gaza conta com uma média anual de 75% de perdas em colheitas agrícolas devastadas pela seca e estiagem, de uma taxa global estimada em cerca de 50% que se regista anualmente nas províncias de Inhambane, Gaza e Maputo e ainda na cidade do Maputo, Sul de Moçambique.
O Sul e o Norte de Moçambique são favoráveis à agricultura de sequeiro onde o risco de perda de colheitas é menor em cerca de 5% a 30%, segundo o Ministério de Planificação e Desenvolvimento no seu documento sobre Estratégia Nacional de Desenvolvimento em apresentação e discussão à escala nacional para o seu enriquecimento pelos agentes económicos e sociedade civil moçambicana, em geral.
Segundo o mesmo documento, Moçambique apresenta uma grande variedade de solos, sob influência marcada de condições geológicas e do tipo de climas característicos do país, predominando na região Norte solos de fertilidade média e no Sul solos arenosos de baixa fertilidade, intercalados com planícies de aluviais altamente férteis.
As 10 barragens existentes têm capacidade de armazenar cerca de 430 mil metros cúbidos de água e há ainda a destacar a existência de 100 bacias hidrográficas e cerca de 1300 lagos.
Disparidades regionais altas
Entretanto, nos últimos 15 anos, a taxa de pobreza reduziu em apenas 14,7%, para 54,7%, daí a razão “de a pobreza continuar muito generalizada e as disparidades regionais permanecerem muito altas”, segundo ainda o Ministério de Planificação e Desenvolvimento no supracitado documento.
Até 2035, o plano do Governo é ver reduzida a actual taxa de pobreza de 54% para 20%, através da industrialização da economia e aumento do uso da terra arável que, presentemente, é estimada em apenas 12% dos actuais cerca de 36 milhões de terra arável disponíveis.
O mesmo departamento governamental reconhece igualmente o facto de a produtividade agrícola ser “extremamente baixa” combinada com uma “alta vulnerabilidade” dos choques climáticos, “o que significa que grande número da população sofre de insegurança alimentar crónica”.
Refira-se, entretanto, que a visão do Governo na sua Estratégia Nacional de Desenvolvimento é Moçambique ser um país seguro, próspero, sustentável, competitivo e assente numa economia industrializada, com um rendimento médio que garante a redistribuição da riqueza e um bem-estar social.
O primeiro debate público do documento aconteceu na última sexta-feira, na cidade da Matola, e foi feito por agentes económicos, académicos e membros do Governo durante trabalhos do conselho consultivo do Banco de Moçambique (BM).