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Futuro do Primeiro-Ministro da Guiné-Bissau pode estar minado

O lugar de Carlos Gomes Júnior à frente do Governo da Guiné-Bissau poderá estar em risco, depois de a ministra do Interior, Adja Satú Camará Pinto, não ter aceite o despacho em que ele a suspendeu de funções.

Integrada no executivo por indicação expressa do Presidente da República, Malam Bacai Sanhá, a ministra decidiu fazer algumas nomeações de pessoal (oficiais superiores) sem consultar Carlos Gomes Júnior, presidente do partido maioritário, PAIGC, mas com o seu poder muito enfraquecido desde que em 1 de Abril chegou a estar sequestrado por um grupo de militares, sob o comando do general António Indjai. A dada altura, este ameaçou mesmo matá-lo.

“O comportamento da ministra do Interior configura um claro desafio à autoridade do Primeiro-Ministro, ao permitir-se desobedecer- lhe ostensivamente, atitude imperdoável”, diz um despacho de Carlos Gomes Júnior, revelado pelo blogue “Ditadura do Consenso”, que tem acompanhado a par e passo todo este processo.

Devido à rebelião de Adja Satú Camará, uma das militantes mais poderosas do histórico PAIGC, o fragilizado Primeiro-Ministro suspendeua imediatamente das funções, “enquanto se aguarda a sua exoneração pelo Presidente”, que, entretanto, se sentiu mal durante o fim-desemana e tem estado nos últimos dias a ser observado no vizinho Senegal, de onde se espera que possa regressar num dos próximos dias.

PM disposto a esbofetear ministra

O ministro da Administração Territorial, Luís Oliveira Sanca, acumularia com as suas funções as de titular do Ministério do Interior, segundo o desejo de Carlos Gomes Júnior.

Durante a discussão acalorada que houve entre o Primeiro- Ministro e Adja Satú Camará, e em que esta teria rasgado o despacho em que era suspensa (segundo contou ao Cm uma fonte que acompanha regularmente a situação política em Bissau), Carlos Gomes Júnior manifestou- se disposto a “esbofetear” a ministra, no que foi impedido pelo ministro do Comércio, Botché Candé, conforme conta o referido blogue, da autoria do jornalista António Aly Silva.

Uma vez que Adja Satú Camará Pinto, segunda vicepresidente do PAIGC, é uma das pessoas da confiança do Chefe de Estado, a sua suspensão, conforme já foi referido pela BBC, poderá ser encarada como mais um episódio da guerra latente entre Carlos Gomes Júnior e Malam Bacai Sanhá, cuja coexistência tem vindo a ser muito atribulada, apesar dos desmentidos que ambos ocasionalmente têm feito sobre o enorme conflito de interesses que os separa.

A ministra, que não aceitou ser suspensa, já esteve reunida tanto com o general Indjai, chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, como com o contra-almirante Bubo Na Tchuto, chefe do Estado-Maior da Armada, nesta altura os dois militares mais poderosos da Guiné- Bissau e sem cuja concordância parece que nada se faz. Há quem os considere mesmo o poder “de facto”. E é por isso mesmo que se admite nos meios políticos de Bissau que Carlos Gomes Júnior não se aguente por muito mais tempo nas funções de Primeiro-Ministro.

Durante a próxima semana deverá efectuar-se um Conselho de Estado, de modo a encontrar saída para uma situação de conflituosidade que parece insustentável.

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