Os Camarões, nas últimas edições e a Nigéria nos primeiros Jogos Africanos, são os países que vêm dominando o futebol, na chamada Olimpíada africana. Esta modalidade, inegavelmente a mais popular no Mundo, não é a rainha dos Jogos Africanos, pois perde em importância e protagonismo, claramente, pelo menos para o Atletismo, Basquetebol e Natação. Isto porque…
O torneio é disputado praticamente sem as estrelas sonantes africanas, assoberbadas na sua maioria com os grandes jogos em competições de clubes da Europa.
Uma vez que a própria filosofia dos Jogos Africanos é virada para o desporto amador, a competição vê-se transformada num verdadeiro CAN interno em actuam os sub-23 reforçados por um máximo de dois jogadores com idade superior à tabelada e considerados “profissionais”.
Das intenções às acções
Os aspectos atrás citados poderão constituir vantagem para as nossas perspectivas na grande competição que Moçambique vai organizar no ano que vem. Porém, impõe-se uma corrida contra o tempo para lançar e conferir traquejo às novas estrelas que vão surgindo, no vértice das quais poderemos citar Hélder Pelembe, Tony e Jerry.
Mart Nooj e João Chissano têm de submeter estes e outros jogadores da nova geração a verdadeiras “provas de fogo” antes de os Jogos começarem. O “esqueleto” dos Mambas do futuro tem de começar a criar entrosamento e filosofia de jogo. E melhor condição física também. As estrelas têm que sair aos olhos do público, sujeitar-se à crítica, criar novas responsabilidades.
Daí que a “intromissão” dos nossos Mambinhas no reino dos tubarões africanos não vai ser nada fácil. Os últimos resultados não têm sido nada encorajadores. Há culpas desta situação a atribuir ao espírito conservador do actual seleccionador nacional, mas também, e com veemência, a toda uma filosofia desportiva em vigor no país em que o investir no futuro é apenas um “slogan” super-badalado, mas longe de ser cumprido.
A Comunicação Social, especializada nos assuntos desportivos, também sai “chamuscada” e com a sua dose de culpas quanto à (não) divulgação do pouco que se faz, virado para o futuro. É preciso “casa-cheia” para ver e incentivar a nova-vaga de jogadores, única forma conhecida de garantir a rendição dos que se estão a retirar.
Diz-se, e não é invenção alguma, que talento para o futebol é coisa nata no moçambicano. Tudo emperra na qualidade e volume de trabalho formativo.
O sonho de caminharmos para uns jogos em que o nome do país venha a ser referido elogiosamente para lá de uma eventual boa capacidade organizativa, passa por uma boa prestação no futebol, modalidade que no Continente ostenta, com orgulho, o título de desporto do povo.