Os membros da AMOMIF – Associação Moçambicana de Operadores de Microfinanças passam a dispôr de uma linha de crédito para financiarem micronegócios e reforçarem as suas actividades. A disponibilização desta facilidade resulta de um acordo de cooperação entre esta associação e a Gapi, firmado, recentemente, em Maputo. Esta linha de crédito – Microfin-Resiliente — é mais uma janela de financiamento aberta pela Gapi com apoio do Fundo de Resiliência, financiado pela USAID.
No acto de assinatura deste acordo, Nância Macaringue, coordenadora do Fundo de Resiliência, sublinhou a importância de se “assegurar que os recursos disponibilizados pelo Povo Americano através da USAID e pelos Accionistas da Gapi sejam bem geridos. E ser bem geridos significa principalmente duas coisas: (i) cumprir com as normas acordadas e haver transparência na prestação de contas; e (ii) ter impacto positivo na vida das famílias das zonas do país a que estes recursos se destinam através da recuperação e relançamento de micro e pequenas empresas que geram empregos e melhorem os rendimentos das famílias nessas zonas”.
O acordo de cooperação estabelecido entre a Gapi e a AMOMIF define esta linha de crédito como um projecto-piloto do qual se pretende colher ensinamentos para a constituição de um instrumento de financiamento mais abrangente e que permita a consolidação e expansão da rede microfinanceira a nível de todo o país.
“Os ciclones, epidemias, cheias, secas e muitos outros fenómenos da natureza ou causados pelo ser humano têm como primeiras vítimas os que são mais frágeis. E sabemos que os mais frágeis são as micro e pequenas empresas, assim como as famílias cuja subsistência depende desses micronegócios. E, além disso, sabemos também que os menos protegidos são as mulheres que, muitas vezes, constituem o único suporte da subsistência diária das famílias com crianças”, disse ainda Macaringue.
Por isso, “este é um projecto-piloto que oferece novos caminhos para que outras instituições genuinamente preocupadas com um desenvolvimento sustentável e inclusivo em Moçambique encontrem neste exemplo uma oportunidade para valorizarem o potencial impacto dos recursos à sua disposição” – concluiu a coordenadora do Fundo de Resiliência.
Maria Isabel Lubrino, vice-Presidente da AMOMIF e co-signatária do memorando, considerou que “este vai permitir, uma maior visibilidade da AMOMIF, vai ser benéfico aos membros, dado que servirá para reforçar as suas necessidades de tesouraria”.
“Outro aspecto positivo é que os nossos membros vão melhorar também a sua gestão, porque a Gapi irá fazer um ‘due deligence’, que vai ajudar os membros a melhorarem os seus relatórios de gestão, prestação de contas para aqueles que não tenham contas organizadas, e por via disso vai melhorar também a monitoria aos micro-projectos que serão beneficiados. Por fim, dizer que este é mais um contributo que fazemos no esforço colectivo de se melhorar a inclusão financeira”- acrescentou a vice-Presidente da AMOMIF.
Lubrino referiu-se também ao processo de reestruturação da AMOMIF, que tem contado com a assistência financeira do FIDA (Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola), através do Projecto de Financiamento de Empreendimentos Rurais (REFP).
Para Anabela Mucavele, directora da Comissão Executiva da Gapi “este acordo reflecte o cumprimento da nossa missão, que é de contribuir para uma maior inclusão financeira. Acreditamos que vamos conhecer melhor as possibilidades dos actores no sector de microfinanças porque vamos trabalhar, prestando assistência técnica e conhecendo melhor as necessidades das instituições para que, connosco e em parceria contribuírmos para melhorar a inclusão financeira.”
Mucavele diz que esta cooperação e assistência vai ser também uma maneira de ajudar as instituições a se conformarem com os normativos regulamentares, porque, para poderem ter acesso a recursos que o sistema financeiro providencia, elas devem estar minimamente organizadas, terem o sistema de report em dia, e terem aquilo que são os regulamentos emanados pelo regulador.
O Fundo de Resiliência foi lançado em Março de 2023, na cidade da Beira, em respeito à zona do país mais afectada por ciclones, em particular o Idai. A USAID contribuiu com quatro milhões de dólares norte-americanos e a Gapi contribuiu com meio milhão. Até finais de Abril e através da rede da Gapi foram concedidos 544 financiamentos num montante total de cerca de 1,8 milhões de dólares.
“Foi um primeiro ano ao longo do qual testámos produtos e procedimentos e organizámos melhor a nossa rede. Agora estamos preparados para nos próximos 12 meses duplicar o montante de crédito e triplicar o número de operações. Estamos também comprometidos em assegurar que pelo menos cerca de 30% dos beneficiários sejam mulheres” – revelou um técnico da Gapi na área de monitoria do projecto.