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Funcionários do ICS “choram” ao primeiro-ministro e revelam que a instituição “carbura” a meio gás

Os funcionários da sede do Instituto de Comunicação Social (ICS), em Maputo, queixaram-se, na quarta-feira (09), ao primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, das precárias condições de trabalho, de baixos salários e do tratamento desigual relativamente aos outros meios de comunicação social cujo funcionamento tem um amplo suporte do Governo, o que faz com que se sintam “enteados” no que ao tratamento diz respeito.

“Sentimos que comparativamente ao outros órgãos de comunicação social”, que recebem verbas do Estado, “o Governo tem nos relegado ao segundo plano, a avaliar pelo baixo orçamento que nos é atribuído anualmente”, para além dos “nossos salários que são extremamente baixos”, disse Belarmino Timóteo, representante dos trabalhadores.

O ICS, criado há 41 anos, é uma do Estado que opera em regime multimedia e com maior penetração nas zonas rurais, principalmente nos distritos/localidades onde vários outros medias não chegam, incluído a Televisão de Moçambique (TVM) e a Rádio Moçambique (RM).

Neste momento, segundo os próprios trabalhadores, o ICS dispõe apenas de uma viatura para atender às necessidades de diferentes áreas e/ou para trabalho jornalístico nos distritos. Nestes o acesso é, por enquanto, impensável porque não há dinheiro para o efeito, o que compromete, também, as actividades de mobilização social.

Para que o primeiro-ministro não saísse dali com a impressão de que as lamúrias do funcionários são à toa, a directora-geral daquele órgão, Sofia Ilale, vincou que, “na verdade, o que nós temos recebidos do Aparelho do Estado não chega para cobrir as nossas necessidades”.

Aliás, os magros vencimentos de que os empregados se queixam constituem um problema já com barba branca e rija. Sofia Ilale disse, em 2015, num debate no âmbito da apresentação dos objectivos do Plano Estratégico do ICS, que “não é fácil prender alguém quando os nossos salários não estão bem. Os salários deviam subir um pouco mais”.

Parece que o assunto nunca foi atacado de frente. Desta vez, prosseguido, os trabalhadores disseram a Carlos Agostinho do Rosário que compreendem os problemas relacionados com a crise económica que o país enfrenta.

Todavia, a redução dos apoios dos parceiros internacionais do ICS, de há tempos a esta parte, agravada pelo baixo orçamento que o Estado direcciona à aquela entidade, “afecta negativamente o desempenho cabal da suas atribuições.

Por conseguinte, a exiguidade de meios financeiros faz com que não haja renovação dos equipamentos de trabalho que são obsoleto.

Os trabalhadores apelaram ao governante para que encare os problemas por eles alistados “como seus e providencie soluções para que possamos nos sentir filhos do mesmo pai, não como enteados como nos sentimos até ao momento, quando comparados com os outros colegas da mesma profissão afectos a outros órgãos (…)”.

Na sua visita ao ICS, para além de manter um encontro com a massa laboral, Carlos Agostinho do Rosário escalou, por exemplo, os sectores de rádio e do mensal jornal “O Campo”. Este deixou de ser impresso em finais do ano passado, devido à falta de fundos.

No fim, o primeiro-ministro afirmou que escalou o ICS para se inteirar do seu funcionamento e deixar a mensagem segundo a qual a agenda do Executivo é a promoção da paz, da unidade nacional e do desenvolvimento e as rádio comunitárias são fundamentais para o efeito, mormente para assegurar informação à população. Seguiu-se depois uma reunião à porta fechada entre Carlos Agostinho do Rosário, a direcção do ICS e o Gabinete de Informação.

A directora desta última instituição, Emília Moiane, disse que o primeiro-ministro orientou que esta entidade e os queixosos devem, num prazo de 15 dias, “produzirem uma matriz” que responda às “grandes preocupações” da massa laboral e que aponte como atenuar as precárias condições em que operam as mais de 50 rádios comunitárias.

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