O Primeiro Secretário da Frelimo, na província da Zambézia, Ernesto Candrinho, que tinha sido eleito em 2010, foi corrido do cargo, Sexta-feira última.
A decisão foi anunciada pela chefe da brigada central daquele partido para a província da Zambézia, Verónica Macamo, que é também presidente da Assembleia da República do país.
Macamo justificou que a saída do Candrinho, do cargo, é por inerência de funções, dai que, até dia 14 de Abril, a Frelimo será dirigida por uma comissão.
Porque é que Candrinho caiu?
Ernesto Candrinho é antigo Combatente e vivia em Mocuba antes da sua eleição para o cargo que ora deixa, por ordens superiores.
Em 2010, quando a Frelimo realizou eleições no Secretariado provincial, Candrinho era um nome não menos sonante, mas por causa dos conflitos étnicos que abundam no seio dos camaradas, venceu as eleições para o cargo onde David Manhacha, também foi corrido nas mesmas circunstâncias.
Quando Ernesto Candrinho chegou ao topo máximo da carreira política ao nível da Zambézia, os seus colegionários pensaram que ele seria mais-valia.
Com o andar da carruagem, foi-se provando que, afinal, de política, Candrinho não tinha nada. Aqueles conflitos étnicos que aparentemente estavam escondidos vieram à tona.
Aliás, no percurso do Candrinho, um grupo de deputados da Assembleia da República pelo círculo eleitoral da Zambézia sempre foi contra, pela maneira como este geria os assuntos políticos da província.
Diz-se até que houve corte de relações entre os deputados e o então Primeiro Secretário. Por várias vezes ouviu-se que havia uma aliança entre Candrinho e Itai Meque, todos estes andavam contra alguns membros que tocassem alguns assuntos que mexem com as sensibilidades destes dois.
Eleições “intercalares” estragam tudo
Quando foram anunciadas eleições intercalares para encontrar-se alguém que substituísse Pio Matos, que também corrido do cargo de edil de Quelimane em Setembro passado, a Frelimo andou em desuso.
O então Primeiro Secretário, Ernesto Candrinho, disparava para o seu lado, na companhia de Itai Meque, e uma outra ala da Frelimo virava o seu arsenal para o outro lado.
Procurava-se um candidato para fazer frente ao já anunciado candidato do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Manuel de Araújo, tido como peso pesado e que arrastava muita gente.
Internamente, vozes contestavam a forma como Candrinho e Itai dirigiam informações à Verónica Macamo, a chefe da brigada central.
Estes dois sempre disseram que a situação da cidade estava controlada e o seu partido iria dar “goleada” ao MDM e o seu candidato, por isso, foi “eleito” Lourenço Abubacar, o dito empresário, para fazer frente ao homem do MDM.
A campanha eleitoral foi aquilo que se viu e no final do dia a Frelimo e o seu candidato foram copiosamente derrotados com uma margem que nem com a fraude seria corrigida. A partir daqui, tudo ficou estragado.
A Frelimo na Zambézia e em Quelimane neste caso particular, mergulhou-se em águas turvas. Ninguém quis assumir a culpa e, como a culpa não pode morrer solteira como se diz em gíria, Candrinho é o primeiro a ser sacrificado numa lista de muitos.
E o que se fala por ai com as más-línguas é que Itai Meque também não está longe de seguir para sua terra de origem. Será?
Verónica Macamo assegura o lugar
A actual presidente da Assembleia da República, Verónica Macamo, que responde também pela província em nome da Frelimo, vai ter que assegurar o cargo de Primeiro Secretário até dia 14 de Abril corrente, data da realização de eleições internas.
Até agora, conforme fontes próximas ao partido, ainda não há nomes, mas oportunamente saber-se-á quem são os possíveis candidatos.
Recorde-se que esta não é a primeira vez que os Secretários Provinciais da Frelimo são corridos do cargo da mesma forma.
Foi assim com Manhacha, uma decisão tomada na Comissão Política que só veio ser anunciada em Quelimane, pelo Secretário-geral do partido, Filipe Paunde e desta vez é a Verónica que se encarrega em fazer o mesmo com Candrinho, mesmo sabendo que estes foram eleitos.