A França planeia canalizar ajuda a partes da Síria sob controle dos rebeldes, de modo que essas “zonas liberadas” possam administrar-se e conter a saída em massa dos refugiados, disse o ministro das Relações Exteriores francês, Laurent Fabius.
O chanceler afirmou que o seu país e a Turquia identificaram áreas no norte e sul da Síria que escaparam ao controle do presidente sírio, Bashar al-Assad.
“Talvez nessas zonas liberadas os sírios que desejem fugir do regime encontrem refúgio, o que por sua vez torna menos necessário cruzar a fronteira, seja com a Turquia, o Líbano, a Jordânia ou o Iraque”, disse Fabius, Quinta-feira (30), depois duma reunião do Conselho de Segurança da ONU em Nova York.
No entanto, os civis nas zonas rebeldes da Síria frequentemente sofrem bombardeios das forças áreas de Assad.
A protecção a eles exigiria a imposição de zonas de exclusão aérea com vigilância de forças aéreas estrangeiras, mas não há chance de que o Conselho de Segurança da ONU autorize isso, por causa do veto da Rússia e China.
Fabius prometeu uma ajuda de 5 milhões de euros (6,25 milhões de dólares) para a Síria, mas não ficou claro como essa quantia será empregada para proteger os civis e evitar a sua fuga.
“O que podemos ver é que a oposição assumiu posições fortes nas zonas liberadas no norte e no sul”, disse Fabius. “Os resistentes que assumiram o controle de certas zonas e municípios precisam de administrar essas áreas.”
As potências ocidentais já disseram que não têm intenção de fornecer armas aos rebeldes sírios, que têm poucas alternativas para reagir aos ataques aéreos do governo. Mas esses países disseram, depois da reunião na ONU, que uma acção militar para proteger as zonas rebeldes continua a ser uma opção.
Até 300 mil sírios já fugiram do conflito iniciado há cerca de 18 meses no país, e há uma quantidade bastante superior de refugiados internos, segundo as agências humanitárias.
A Turquia, que defende a criação de zonas-tampão, abriga actualmente mais de 80 mil refugiados sírios, e o órgão da ONU para refugiados (Acnur) diz que a cifra pode chegar a 200 mil.
A ONU questiona a ideia das zonas-tampão. “A experiência amarga já demonstrou que raramente é possível oferecer segurança e protecção efectivas nessas áreas”, disse o alto-comissário da ONU para refugiados, António Guterres.
Mas Fabius disse que é possível oferecer mais ajuda às áreas rebeldes. “Precisamos de equipá-los financeiramente, administrativamente, sanitariamente e em termos de equipamentos. Estamos a ajudar-lhes directamente, assim como a Turquia”, afirmou.
A França e a Turquia, acrescentou, estão a tentar identificar indivíduos nessas regiões para integrarem um eventual governo transitório.
“Na Síria do futuro, essa gente desempenhará um papel importante, por ter emergido do conflito e ter a confiança da população.”