Cerca de 15.000 soldados das forças afegãs e internacionais, lideradas pelos norte-americanos, realizaram este sábado uma grande ofensiva contra um bastião talibã no sul do Afeganistão, onde encontravam apenas uma “resistência mínima”, segundo fontes militares.
Esta operação é a maior das forças internacionais desde o anúncio do envio, em 2010, de um reforço de 30.000 soldados norte-americanos feito pelo presidente Barack Obama em dezembro passado, com o objetivo de inverter o curso da guerra no momento em que se intensifica a insurreição dos talibãs. Pelo menos cinco insurgentes morreram nas primeiras horas do ataque, assegurou o Exército afegão.
“De acordo com nossas primeiras informações, cinco inimigos morreram em dois locais diferentes e em combates corpo a corpo”, declarou à imprensa Sher Mohammad Zazai, comandante do corpo Nº 205 do Exército afegão. A operação Mushatarak (Juntos) começou antes da madrugada deste sábado, quando 60 helicópteros enviaram soldados da infantaria norte-americana e tropas afegãs para a cidade de Marjah, no cinturão de cultivo de papoula da província de Helmand.
“Às 02h30, helicópteros deixaram forças mistas na cidade de Marjah”, declarou o tenente Josh Diddams, porta-voz da Infantaria da Marinha norte-americana em Helmand. “Estamos avançando em terra e encontramos uma resistência mínima”, acrescentou. Três soldados norte-americanos morreram neste sábado na explosão de uma bomba no sul do Afeganistão, anunciou a Otan, sem indicar se morreram durante a ofensiva lançada na província de Helmand ou em um atentado praticado na província vizinha de Kandahar.
Enquanto isso, o presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, pediu novamente neste sábado que os talibãs deponham as armas. “O presidente Karzai pediu aos talibãs que aproveitem esta oportunidade para renunciar à violência e se reintegrar à vida civil junto aos outros afegãos, pelo bem do país”, ressalta um comunicado da Presidência afegã. Karzai também “recomendou que as tropas afegãs e internacionais tenham bastante prudência a fim de evitar que haja vítimas civis”, acrescentou o texto.
Autoridades militares descrevem a Mushtarak como a maior ofensiva das forças internacionais desde o começo da guerra, no final de 2001, depois que derrubaram os talibãs. Por sua vez, os guerrilheiros afirmam que se trata de uma operação “midiática” contra Marjah: “Matamos seis soldados estrangeiros nos primeiros confrontos”, declarou o porta-voz talibã, Yusuf Ahmadi.
Não foi possível confirmar o registro apresentado pelos talibãs. Cabul e as forças internacionais apresentaram a Mushtarak como a primeira fase de uma grande operação, que pode durar semanas, para restabelecer o controle do governo afegão na província de Helmand, um dos principais bastiões dos insurgentes islamitas, onde há grande produção de ópio. “A operação tem como objetivo livrar a região dos insurgentes e criar as condições (para que o Governo afegão) possibilite maior segurança, estabilidade, desenvolvimento, estado de direito, liberdade de movimento e reconstrução”, assegura a Isaf em um comunicado.
A operação Mushtarak deve se concentrar na cidade de Marjah e em seus arredores, com uma população estimada de 125.000 habitantes. Milhares fugiram da região antes do início da ofensiva, segundo as autoridades locais. Os insurgentes, aliados da Al-Qaeda, enviaram reforços nestas últimas semanas e encheram a região de artefatos explosivos artesanais (IED), considerados a principal ameaça para os soldados afegãos e internacionais.
As estimativas militares do número de combatentes talibãs mobilizados na cidade e em seus arredores variam entre 400 e mil. Sua porta-voz prometeu nestes últimos dias que os insurgentes recorreriam as suas táticas habituais, baseadas em armadilhas com artefatos explosivos artesanais escondidos à beira de estradas e em emboscadas.