Forças de manutenção da paz da Organização das Nações Unidas frequentemente pagam por sexo com dinheiro, vestidos, jóia, perfumes, telefones celulares e outros itens, apesar de uma proibição de tais relações com pessoas que a entidade internacional está a tentar ajudar, concluiu um relatório da ONU.
O estudo preliminar do Escritório da ONU para Serviços de Fiscalização Interna (OIOS, na sigla em inglês), obtido pela Reuters nesta quarta-feira, diz que pesquisas com centenas de mulheres no Haiti e na Libéria descobriram que os motivos pelos quais elas cobravam por sexo incluíam fome, pobreza e melhorias no estilo de vida.
“Provas de dois países com missões de pacificação demonstram que sexo transaccional é bem comum, embora pouco relatado, em missões de manutenção de paz”, concluiu um relatório do OIOS datado de 15 de maio.
A ONU actualmente tem mais de 125 mil soldados, policiais e civis em 16 operações pelo mundo. O relatório preliminar também destaca que “o número de preservativos distribuídos e de pessoas submetidas a terapia voluntária e testes confidenciais de HIV… sugere que relacionamentos sexuais entre pacificadores e a população local podem ser rotina.”
O documento diz ainda que um boletim da ONU de 2003 havia proibido o sexo transaccional por pacificadores, em parte porque prejudica a credibilidade da organização em áreas onde está actuando.
O relatório destaca que 480 alegações de exploração sexual e abuso foram feitas entre 2008 e 2013, das quais um terço envolvia crianças. Missões na República Democrática do Congo, na Libéria, no Haiti e no Sudão do Sul foram responsáveis pela maioria das acusações, segundo o documento.