A Fonterra, maior exportadora mundial de lacticínios, pediu desculpas, esta Segunda-feira (5), pela contaminação do seu leite em pó na China, num caso que ameaça abalar a reputação dos produtos alimentícios neozelandeses. A empresa anunciou no fim de semana a descoberta, em alguns produtos, de bactérias capazes de provocar infecções alimentares.
A proteína concentrada de soro de leite havia sido vendida à China, Malásia, Vietname, Tailândia e Arábia Saudita, e usada em produtos como bebidas desportivas e leite em pó para bebés, segundo a companhia.
O executivo-chefe da Fonterra, Theo Spierings, viajou às pressas para a China, um dos maiores mercados da empresa, para tentar tranquilizar os consumidores, declarando à imprensa local que os métodos de processamento matariam as bactérias nocivas.
“Realmente lamentamos a preocupação e ansiedade que essa questão possa ter causado”, disse ele. “Entendemos totalmente que haja preocupação de pais e outros consumidores no mundo todo. Os pais têm o direito de saber que a nutrição infantil e outros lacticínios são inofensivos e seguros.”
Spierings disse que a Fonterra, líder no sector neozelandês de exportação de lacticínios, que movimenta 9 biliões de dólares por ano, não está sujeita à proibição dos seus produtos na China, apenas a restrições envolvendo o concentrando de soro lácteo.
Segundo ele, as medidas podem ser suspensas já esta semana, quando a Fonterra apresentar explicações detalhadas sobre o caso às autoridades chinesas.
A maioria dos produtos contaminados já foi retirada da circulação, disse o executivo, e os demais devem sair das prateleiras dentro de dois dias. Spierings disse ainda que o problema ocorreu por causa de um cano numa fábrica da Nova Zelândia. O duto é pouco usado e, por isso, os procedimentos habituais de limpeza não foram suficientes para esterilizá-lo.
As unidades do Fundo de Accionistas da Fonterra, que oferecem a investidores externos exposição aos dividendos dos accionistas da cooperativa de lacticínios, tiveram queda de até 8,7 por cento, chegando ao seu menor valor em oito meses, antes de fechar o pregão da Segunda-feira em baixa de 3,7 por cento, a 6,86 dólares neozelandeses.
A cotação da moeda do país oceânico teve queda de 0,02 dólar norte-americano, chegando ao seu menor nível em um ano. A produção de lacticínios responde por cerca de um quarto das exportações neozelandesas, e a moeda do país é sensível a situações que envolvam a Fonterra.