O Grupo de Dança Tradicional Xiluva Xa Africa, baseado na Escola Primária Completa Patrice Lumumba, no bairro com o mesmo nome, criado, em 2002, com o objectivo de disseminar o amor pelo baile no seio das crianças, está em risco de desaparecer. Descubra, a seguir, as razões…
O Grupo de Danças Tradicionais Xiluxa Xa Africa é um protótipo de sucesso. É que? apesar de estar a debater-se com a falta de espaços adequados para realizar os ensaios, sem instrumentos musicais apropriados incluindo outros adereços – para levar avante a sua actividade artística – a colectividade continua a sonhar com dias melhores.
A manifestação artística dos bailarinos que compõem esta colectividade – muito em particular os que frequentaram a referida escola entre 2002 e 2013 – expõe em palco um misto de talento e satisfação, nostalgias em relação ao tempo que passou, sobretudo em relação às festas de 1º de Junho, o Dia Internacional da Criança.
Ao longo dos anos, mais do que criar cooperantes nas artes, a associação a que nos referimos representava um local de afirmação nas actividades culturais e na luta contra as condutas maldosas cujo objectivo único é desviar os adolescentes da escola. É por isso que a colectividade granjeou a simpatia e o apoio da direcção da escola.
Dada a necessidade de se dar enfâse às danças tipicamente moçambicanas, o sonho de se continuar nas artes cresceu continuamente de tal sorte que, mais tarde, os serviços do grupo passaram a ser procurados sistematicamente em todas as actividades escolares. De acordo com o coreógrafo Abelardo António Luís, um dos fundadores da colectividade, o Grupo de Danças Tradicionais nasce no ano em que desaparece o Horizonte, uma das mais reputadas formações culturais da época.
“Quando se destruiu o Horizonte, vi-me na obrigação de defender a cultura criando um agrupamento que desse continuidade à difusão das artes. No princípio, enfrentei diversas dificuldades associadas à minha inexperiência”, explica Abelardo ao mesmo tempo em que acrescenta que “graças à vontade e ao amor que nutro pelas artes consegui concretizar as minhas ideias”.
Decorreram já dez anos desde que o grupo foi criado. No entanto, os obstáculos associados a alguma falta de reconhecimento abalam os membros. De uma ou de outra forma, de acordo com o coreógrafo, não dá para negar que “durante os 12 anos de trabalho, o grupo ganhou muita experiência”.
E não lhe faltam argumentos: “Quando fundámos a associação não tínhamos nenhum dinheiro para custear as nossas despesas. No entanto, mesmo nessas condições, ensaiávamos na esperança de que um dia seríamos convidados para actuar nalgum evento. Na verdade, a nossa meta era mostrar ao público o valor que possuíamos”.
De acordo com Feliza Pierángela da Glória Langa, a coordenadora do Grupo de Danças Tradicionais Xiluva Xa África, de todas as experiências vividas no seio da formação a mais marcante tem a ver com a discussão travada no âmbito da escolha do nome atribuído à colectividade: “Eu presenciei esse momento. Foram várias as tentativas das quais resultaram os apelidos Pfuka Africa e Lirandzo”.
De todos os modos, “sugeri que ficássemos com Xiluxa Xa Africa porque, no meu entender, para uma flor crescer é necessário que seja irrigada. E nós como queríamos evoluir inescrevestimos bastante para a realização desse objectivo”.
Foi então na tentativa de crescer que, passado algum tempo, o Grupo Xiluva Xa Africa teve o apoio da Cooperação Italiana, na sequência do qual também se atraiu a simpatia do mecenas Eduardo que “disponibilizava a sua aparelhagem para actuarmos no Jardim 28 de Maio (mais conhecido por Jardim dos ‘Madjermans), na cidade de Maputo”.
No rol das danças tradicionais, o Grupo Xiluxa Xa Africa pratica Ngalanga, Semba, Nondje, Xigubo, Niquetse, Marrabenta e Nimbondi, enquanto a nível das modernas exibe a Valsa e a Salsa. É por isso que o que mais procuram são oportunidades de triunfar porque talento é o que não lhes falta.
Feliza revela que a grande dificuldade enfrentada pelo grupo tem a ver com a falta de instrumentos adequados às danças – o que, muitas vezes, fragiliza a pesquisa dos bailarinos. Para além disso, o espaço para ensaiar também exerce uma influência negativa: “Vivemos da boa vontade das instituições que nos acolhem. Por isso, sempre ensaiámos na escola do Patrice Lumumba e na Casa da Cultura de Infulene”.
Neste momento, recorrendo às danças tradicionais, o agrupamento pretende preservar, divulgar e promover a cultura dos antepassados em prol das gerações vindouras. Nas suas actuações, geralmente, os artistas utilizam instrumentos como a timbila e os batuques. O grupo conta com 20 membros que se dedicam à instrução de petizes com idades compreendidas entre os oito e 14 anos.
Reinaldo Luís