No passado Domingo o Distrito da Manhiça acordou cinzento com a triste notícia do terrível acidente que dizimou onze vidas humanas e ainda feriu gravemente oito, na zona de Maluana.
O acidente envolveu uma viatura ligeira de marca Toyota 2,4 que seguia de Xai-Xai para Maputo e um transporte semicolectivo da rota Xiquelene-Manhiça.
Pode-se reparar aqui que a maior parte das vítimas, senão todas, são ocupantes do “chapa” que, segundo avançou a Polícia estava superlotado em número de 20 passageiros contra os 15 lugares que perfazem a sua capacidade. Os dois motoristas escaparam ilesos, um com arranhões considerados pela junta clínica de normais.
Há que referir também que os acidentes naquele local são frequentes e, em meados do ano passado, precisamente nesta época, um outro acidente com a mesma dimensão dizimou quase duas dezenas de pessoas que seguiam num transporte vulgo “Coaster” para a província de Gaza. Sem contar com outros tantos acidentes mortais alihavidos.
Bom, queria apenas lançar as balizas para abrir espaço para uma maior refl exão tocando em todos os pontos. Mas espero que esteja, antes, bem claro que não se lançam aqui culpas e muito menos apontam-se os dedos, pois trata-se de um problema conjuntural e colectivo que afecta a todos nós.
Ora, em todos estes acidentes a ultrapassagem irregular, o excesso de velocidade e a desrespeito pelos sinais de trânsito foram os grandes agentes causadores. Podemos partir, por exemplo, do acidente havido no ano passado.
O local onde ocorreu é por sinal o mesmo que do Domingo passado, num local onde a estrada é estreita de tal modo que é propícia, para quem dá o gostinho ao acelerador, para pisá-lo efusivamente sem obedecer aos sinais de trânsito e poder ali inventar uma competição automóvel ilegal.
E o que se fez logo depois do acidente? Instalou-se ali uma brigada policial que tinha como funções as de sempre: fiscalizar o trânsito, penalizar e assustar os seus violadores e evitar acidentes de aviação. Mas tal brigada só durou ali pouco menos de 6 meses e a mesma foi-se instalar já na entrada da sede do posto administrativo de Maluana, onde por regra os automobilistas reduzem a velocidade.
É claro que a super-lotação já é algo permissível por conta das necessidades do país, mas a fiscalização do trânsito é algo que nem por desatenção deve faltar.
É correcto que é ali uma zona aberta e desabitada, mas quando é para prevenir acidentes de viação e consequente perda de vidas humanas, afora uma brigada policial, podiam-se construir por exemplo lombas, que, no mínimo, podiam evitar que vidas humanas se percam por excesso de velocidade (e) naquele local. Temos de começar por algum lado.
Temos que esquecer a ideia de sensibilização dos automobilistas para se acautelarem, isso está mais que provado que é algo impossível e das medidas transitórias que não ajudam em nada numa perspectiva a longo prazo.
É preciso sim, por mais duro que seja, apostar-se intensamente na fiscalização. Exemplo: Aqueles polícias que se instalam, por exemplo, na entrada do posto administrativo de Maluane e na zona do desvio para a Maragra na entrada da Vila da Manhiça, que juntos perfazem um total de 8, podiam muito bem dividirem- se em 3 grupos, mantendo-se alguns nos mesmos locais e mandando, pela matemática, 3 para aquela zona de Maluana que se provou ser o epicentro dos acidentes.
Ou ninguém até agora se questionou porque Manhiça é o Distrito da Província de Maputo com maior número de acidentes de aviação?
O mesmo sucede na parte norte do Distrito, no troço Manhiça-Palmeira-Xai-Xai. Lá não é porque azulou alguma brigada, é pelo facto de nunca ter existido o que propicia aos automobilistas usarem o mesmo como uma pista de corridas.
Temos que começar de algum lado, senhores, e ataquemos a fiscalização.