Não satisfeita com sua aliança com a americana Chrysler, a italiana Fiat quer comprar a montadora Opel e criar um dos maiores grupos mundiais do setor automobilístico. O presidente-executivo da Fiat, Sergio Marchionne, apresentou nesta segunda-feira seu projeto de compra da Opel aos ministros da Economia, Karl Theodor zu Guttenberg, e das Relações Exteriores, Frank Walter Steinmeier.
A Opel é uma filial da montadora americana General Motors, que passa por uma grave crise financeira. Guttenberg anunciou depois do encontro com Marchionne que a Fiat pretendia manter três das quatro fábricas da Opel na Alemanha, e revelou que a ideia da montadora italiana é “comprar a Opel sem contrair dívidas”. No entanto, a Fiat poderia solicitar garantias de Estado.
O ministro conservador qualificou o projeto italiano de “interessante”, mas advertiu que Berlim não tomará nenhuma decisão de forma precipitada. Ele lembrou que a empresa canadense Magna também expressou interesse pela Opel. O caso da venda da Opel é sensível na Alemanha, onde a marca emprega 26.000 pessoas. O projeto italiano suscita desconfiança de muitas pessoas em Berlim, principalmente da esquerda.
O social-democrata Steinmeier insistiu em comunicado publicado depois de sua reunião com o presidente-executivo da Fiat em que “o principal objetivo é a manutenção de todas as fábricas da Opel na Alemanha”. Para Hendrik Hering, ministro da Economia do Länder de Renânia-Palatinado, onde fica a fábrica potencialmente ameaçada de Kaiserslautern e seus 3.000 empregos, o projeto da Fiat é “inaceitável”. O temor também chegou à Itália.
A CGIL, o sindicato mais importante na Fiat, pediu nesta segunda-feira garantias sobre a manutenção das fábricas da Opel na Alemanha. Ao contrário, a Bolsa de Milão reagiu muito positivamente ao anúncio da Fiat: o título ganhou 8,05% nesta segunda-feira, fechando a 8,12 euros. De um modo geral, a Fiat quer recuperar todas as atividades europeias da GM, o que inclui a sueca Saab e a britânica Vauxhall.
A ideia da montadora italiana é criar um novo gigante do setor automobilístico juntando suas três marcas (Fiat, Lancia e Alfa Romeo), sua participação na Chrysler e as atividades europeias da GM, e introduzir o resultado desta fusão em Bolsa.
Esta fusão permitiria o surgimento de um grupo com um faturamento anual de cerca de 80 bilhões de euros e uma produção anual de seis a sete milhões de veículos. Tal grupo só ficaria atrás da japonesa Toyota, e lutaria com a alemã Volkswagen pelo segundo lugar do ranking mundial do setor.