Na 98ª edição, o Festival de Bayreuth, Alemanha, inovou neste ano apresentando um “Wagner para crianças”, com a readaptação da ópera “O Navio Fantasma” reduzida de 180 minutos para 63 minutos para um público de seis a 12 anos de idade. A orquestra passou de 150 a 19 músicos, mas as crianças ajudaram na encenação, com acessórios, e com efeitos de som na hora da tempestade que anuncia a chegada do navio fantasma.
O figurino foi em parte desenhado pelas crianças durante um concurso realizado em janeiro, em diferentes escolas do país. “Estou gostando muito disso”, comentou Andreas, 12 anos. “A direção foi realmente bem feita e conseguimos acompanhar o que estava acontecendo”. Timo, de 7 anos, gostou muito do coro dos marinheiros, enquanto Markus, 8 anos, apreciou a música. Para Katharina Wagner, 31 anos, que, com sua meia-irmã Eva Wagner-Pasquier, 64 anos, acaba de assumir as rédeas do prestigiado festival realizado todos os anos durante um mês por seu bisavô, Richard Wagner, as representações para as crianças estão se tornando também uma tradição.
“O Navio Fantasma”, reconheceu, pode ser muito mais facilmente adaptado para as crianças do que inúmeras outras obras, como “Parsifal” ou “Tristão e Isolda”. Futuramente, acredita ela, espetáculos como estes para as crianças poderão ser apresentados em escolas, não somente em Bayreuth, mas em toda a Alemanha. A “estreia” das crianças ocorreu no sábado, algumas horas antes das cortinas se abrirem para o festival, que lançava a 98ª edição propriamente dita, com a apresentação de “Tristão e Isolda” (para adultos), dirigida pelo suíço Christoph Marthaler.
Quase 200 crianças e seus pais participaram da “estreia”, gratuita para os pequenos e com o ingresso de 20 euros para os adultos. Os ingressos para as 10 representações do festival infantil foram vendidos em algumas horas. A ministra alemã da Família, Ursula von der Leyen, assistiu à estreia para um público reduzido. Dirigido durante 57 anos (1951-2008) pelo muito autoritário neto do compositor, Wolfgang Wagner, que comemorará seus 90 anos no próximo mês, o festival de Bayreuth passará, agora, para as mãos de suas duas filhas.
Mas foi a caçula, Katharina, uma loira alta e fã da banda de metal alemã Rammstein, quem realiza a missão de fazer com que o Festival entre no século 21, fazendo, por exemplo, divulgações na internet e retransmitindo, como aconteceu no ano passado, uma das óperas em um telão.