À ronda 13, estava com 7 pontos de diferença do líder. O que se pensava na altura era “só” salvar a época e dignificar o título que o clube ostentava.
Muito embora não estivesse totalmente fora da carruagem do título após ter rolado a cabeça do treinador, Paulo Camargo por Chiquinho Conde poucos acreditavam na reedição. Agora há quem fale em sorte. Ficou provado que se a sorte realmente existe, é para proteger os audazes.
O Ferroviário reergueu-se e chegou ao título com três pontos à maior, conseguindo assim o seu primeiro “bi” após a Independência. A final da Machava assemelhou- se ao reeditar das grandes partidas do futebol indígena dos anos 70. Muito público, muitas bandeiras, alguma comedida rivalidade. A pressão relativa do início foi aumentando à medida que o tempo decorria.
Mayunda e Binó, de um lado e Jerry e Luís do outro, iam assumindo as despesas do jogo. Sem brilhar, mas mostrando porque Mart Nooj os escolhe, Momed Haji e Maxer, ao nível do pormenor, davam provas do seu estatuto de internacionais.
Conde no seu “casulo”
Semedo no tudo ou nada!
Que a primeira parte teve “nacos” de bom futebol, coroada com um “golão” de Muandro, estamos todos de acordo. Mas que a partida tenha sido, na globalidade das melhores de toda a prova… coitado do Moçambola se isso fosse verdade!
Mas em alta competição é assim mesmo, os fins muitas vezes justificam certos meios e tanto uma como outra equipa não podem ser culpabilizadas por “pensarem” mais com o coração do que com a cabeça. Vimos um Conde, ao “apagar das luzes”, fechadinho no seu “casulo” e um Semedo a atirar a sua equipa, quase de cabeça perdida, em busca do milagreiro golo que acabou por não aparecer.
Quantas vezes se assistem a situações idênticas através das imagens que provêm dos maiores campeonatos do planeta?