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Feiras agrícolas atenuam vulnerabilidade da mulher

As mulheres do distrito de Murrupula, um dos mais pobres da província de Nampula, dizem que a realização de feiras agro-pecuárias e comerciais em todas localidades e postos administrativos tem vindo a ganhar corpo no seio dos residentes que vêm nelas como um grande alívio em termos de obtenção de algum dinheiro para o sustento da sua vida e das suas famílias, através da venda de certos produtos, principalmente agrícolas, nesses espaços.

A nossa Reportagem esteve naquele distrito, num passado recente, e constatou que, na realidade, essas feiras, bastante concorridas, estão a ser muito úteis para esta camada da sociedade, principalmente para mulheres vulneráveis, embora algumas cheguem nelas com grande sacrifício, pois não só percorrem longas distâncias para alcançar os locais da realização das feiras, como também carregam na cabeça os seus produtos, mesmo com muito peso.

Nesta zona o nosso grande problema é a falta de transporte que possa nos ajudar a evacuar os nosso produtos como a mandioca, feijões, milho e outros que sempre trazemos de muito longe para esta feira. Mas é um sacrifício que resulta, porque conseguimos vender e termos o dinheiro com que compramos algumas coisas que nos fazem falta, como roupa, caderno para os nossos filhos e outras, disse Anamalino Constâncio, residente no posto administrativo de Cazuzu, um dos que mais realiza as aludidas feiras naquele distrito.

A nossa interlocutora acrescentou que nunca imaginou que a feira de Cazuzu, onde ela sempre vende os seus produtos agrícolas, incluindo galinhas e carne de cabrito, virasse um dia , também, no maior mercado para as mulheres. Pois que nos primeiros momentos elas viam as feiras de Murrupula como se fossem exclusivas para os homens.

Por outro lado, ela acha que os próprios homens terão sido culpados, porque no início alguns deles aparentavam não estar a favor da participação da mulher, sob alegação de que aquele tipo de negócio era só para eles. Mas hoje, as mulheres e homens de Murrupula, fazem juntos a actividade comercial nas feiras.

Uma das grandes vantagens que aquele posto possui para a realização daquele tipo de feiras é o facto de se encontrar situado na principal estrada que liga aquele distrito à cidade de Nampula, que ostenta neste momento melhores condições de circulação de viaturas, sobretudo os que fazem o transporte semicolectivo de passageiros.

Na vila sede distrital de Murrupula, a nossa Reportagem falou com Anica Manuel, a qual depois de partilhar da opinião da Anamalino Constâncio, agradeceu às pessoas que têm vindo a promover as feiras agro-pecuárias e comerciais naquele distrito, que, apesar de ser pobre, é um dos dotados com potencial produtivo da província de Nampula.

Nos dias das feiras é interessante ver muitas mulheres a venderem os seus produtos. Na sua maioria vulneráveis que procuram alguma coisa para sustentar a sua vida bem como das suas famílias.

Tal como acontece noutras regiões do país, em Murrupula também a vida está cara, por isso há que buscar outras alternativas de sobrevivência, anotou.

Feliciano Napasso, chefe do mercado central da vila de Murrupula, disse em conversa com a nossa Reportagem, que embora a expansão das feiras agropecuárias e comerciais naquele distrito, tenha afectado o seu mercado, em termos de colecta de receitas, ele vê com bons olhos o envolvimento da mulher vulnerável na prática de pequenos negócios nesses locais, porquanto alivia o seu sofrimento.

O que acontece é que agora muita gente não vem vender os seus produtos neste mercado. Dantes isto andava cheio todos os dias. Eram mulheres e homens que saiam de muito longe para virem vender os seus vários produtos neste mercado. Mas agora as pessoas preferem ir fazer os seus negócios nas feiras, frisou.

Entretanto, as autoridades administrativas do distrito, que, igualmente, mostram-se satisfeitas com o envolvimento das mulheres na prática de pequenas actividades nas feiras, dizem que vão continuar a incentivar a realização daquele tipo de feiras, mesmo nas zonas recônditas como está a acontecer agora.

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