O dissidente cubano Guillermo Fariñas recebeu como um desafio a advertência do presidente Raúl Castro de que não cederá à “chantagem” das greves de fome, e disse esta segunda-feira que “agora, mais do que nunca”, continuará “até morrer” com seu movimento iniciado há 40 dias.
“Agora, mais do que nunca, é preciso continuar a greve de fome, porque o que Raúl lançou foi um desafio e o aceitamos e vamos morrer com toda a dignidade”, declarou Fariñas à AFP por telefone do hospital provincial de Santa Clara, 280 km a leste de Havana, onde foi hospitalizado no dia 11 de março. “Não fiquei surpreso com esta atitude intransigente de Raúl”, porque “sempre dissemos que o governo cubano demonstrou historicamente que atua de maneira irracional”, acrescentou.
Ao encerrar no domingo um congresso da União de Jovens Comunistas de Cuba (UJC), Raúl Castro disse que “aconteça o que acontecer” não cederá à “chantagem” no caso de Fariñas, a quem voltou a responsabilizar pelas consequências que o protesto possa ter. “Chama de chantagem uma petição de um cidadão e não analisa que há mais de 50 anos estão chantageando o povo de Cuba com o terror imposto pelo comunismo”, opinou Fariñas, que iniciou a greve de fome no dia 24 de março para exigir a libertação de 26 presos políticos doentes.
O opositor disse se sentir “bastante bem” e afirmou que após Raúl Castro “anunciar que vão deixá-los morrer”, “tudo foi dito”. “Convidamos o mundo a contemplar a crueldade e a falta de humanidade deste regime” expressou Fariñas, que começou o protesto um dia depois da morte do preso político Orlando Zapata, após dois meses e meio de greve de fome por melhores condições carcerárias. A mãe de Fariñas, Alicia Hernández, declarou à AFP que seu filho está com a saúde “muito deteriorada” e que “a qualquer momento, pode entrar em estado de coma”.