Para continuarmos  a fazer jornalismo independente dos políticos e da vontade dos anunciantes o @Verdade passou a ter um preço.

 
ADVERTISEMENT

Falta de vontade do partido Frelimo deixa multinacionais explorarem recursos naturais dos moçambicanos sem fiscalização

Falta de vontade do partido Frelimo deixa multinacionais explorarem recursos naturais dos moçambicanos sem fiscalização

Foto de Naíta UsseneO Governo de Filipe Nyusi vai terminar o mandato a violar a Lei de Minas que demandou a criação da Alta Autoridade da Indústria Extractiva até Agosto de 2015. Após reiteradas promessas sobre a data da implantação da instituição que irá fiscalizar as operações mineiras e petrolíferas em Moçambique o ministro dos Recursos Minerais e Energia revelou ao @Verdade que o dispositivo legal vai ser devolvido a Assembleia da República… enquanto isso as multinacionais continuam a explorar os recursos naturais dos moçambicanos ao desbarato.

O Tribunal Administrativo (TA) constatou que a Sasol Petroleum Temane registou no exercício económico de 2017, “um saldo de custos recuperáveis, no valor de 584.721.259 dólares norte-americanos cuja conformidade não foi certificada; À semelhança dos anos anteriores, persiste a falta de certificação da conformidade dos custos recuperáveis, referentes aos projectos da Anadarko e da ENI; Não é feita a verificação, pelas instituições do Estado intervenientes no processo, das quantidades de carvão extraídas, nomeadamente, INAMI, Direcções Provinciais de Recursos Minerais e Energia (DPREMEs) e Alfândega; e) É deficiente a interacção entre as instituições do Estado intervenientes no processo de medição do carvão mineral exportado, nomeadamente, INAMI, DPREMEs e Autoridade Tributária (Direcção de Área Fiscal de Tete, Unidade de Grandes Contribuintes de Tete e Alfândegas de Nacala-Porto), uma vez que há divergências entre as quantidades do minério exportado, declarado nos relatórios mensais de produção e a informação apresentada pelas Alfândegas de Nacala-Porto; f) À semelhança do que acontece no processo de medição, a AT, o INAMI e a DPREME de Tete não fazem a avaliação dos custos logísticos (Transporte e Armazenamento no Porto), apresentados nos relatórios mensais de produção e comercialização do carvão, que são deduzidos ao volume de vendas, para se apurar a base tributável do Imposto de Produção de Carvão, limitando-se a aceitar a informação prestada pelas concessionárias”.

Baseado nestas inconformidades que constam do Relatório sobre a Conta Geral do Estado (CGE) de 2017, no capítulo sobre a Indústria Extrativa, o TA recomenda ao Governo de Filipe Nyusi: “A realização periódica de monitoria, avaliação e inspecção das actividades mineiras, nos termos previstos nos artigos 13 e 14 do Regulamento da Lei de Minas, aprovado pelo Decreto n.º 31/2015, de 31 de Dezembro, e se trabalhe em articulação com outras entidades do Estado com vista a aprimorar os mecanismos de controlo da produção e comercialização do carvão e que seja concretizado o processo da criação e instalação da Alta Autoridade da Indústria Extractiva”.

No mesmo documento de Novembro de 2018 o Tribunal que fiscaliza o Estado moçambicano recorda ao Executivo de Nyusi que: “Pela Lei de Minas, foi criada a Alta Autoridade da Indústria Extractiva, tutelada pelo Conselho de Ministros que, neste quadro, tem a competência de aprovar o Estatuto, definir os poderes, a composição, as incompatibilidades, o funcionamento e a estrutura orgânica. O prazo da sua instalação estava definido para 12 meses após a criação, ou seja, 18 de Agosto de 2015. Todavia, a 31/12/2017, tal autoridade ainda não havia sido instalada, nem operacionalizada. O Governo, em sede do contraditório sobre a CGE de 2016, afirmou que a previsão da sua instalação aponta para o ano de 2018”.

Governo de Nyusi devolve Alta Autoridade da Indústria Extractiva ao Parlamento

Na terça-feira (08), à margem do evento de antecipação de investimentos do Consórcio que vai explorar o terceiro projecto de gás natural na Bacia do Rovuma, o @Verdade voltou a confrontar o ministro dos Recursos Minerais e Energia, Max Tonela, se antes de terminar o mandato o Governo iria enfim proceder com a instalação da Alta Autoridade da Indústria Extractiva.

Tonela, que em finais de 2018 dissera ao @Verdade que havia sido contratada uma consultoria para ajudar o Governo a preparar o Decreto de instalação da entidade que é suposto monitorar a produção e comercialização dos recursos minerais dos moçambicanos, revelou que o documento “Foi apresentado ao Conselho de Ministros, o que se decidiu é que há vozes que acham que o Parlamento tem que rever”.

Foto de Naíta UsseneDe acordo com o ministro dos Recursos Minerais e Energia pretende-se rever o número 1 do artigo 25 da Lei de Minas para que em vez de prestar contas ao Conselho de Ministros a Alta Autoridade da Indústria Extractiva subordine-se directamente à chamada “Casa do Povo”.

“Todo o processo de harmonização foi feito, sentamos com a Sociedade Civil e os diferentes grupos que estão interessados nesta matéria e eles acham que esse é o caminho. O pacote foi levado para o Conselho de Ministros e vamos verificar se o Parlamento está interessado em fazer esta mexida”, clarificou o ministro Max Tonela.

Portanto o Governo que em cinco anos quase não fiscalizou as indústrias mineiras e petrolíferas, quiçá por isso tenha sido escolhido pelas multinacionais para continuar a governar Moçambique, vai deixar a Alta Autoridade da Indústria Extractiva por ser instalada pelo Executivo e Parlamento que só entrarão em funções em 2020… enquanto isso as mineradoras e petrolíferas não param de extrair os recursos naturais que supostamente seriam uma bênção para os moçambicanos.

WhatsApp
Facebook
Twitter
LinkedIn
Telegram

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

error: Content is protected !!