Alguns citadinos da província de Nampula insistem na necessidade de haver uma distribuição equitativa da riqueza nacional proveniente da exploração dos recursos minerais e consequente implantação de mega-projectos.
Segundo eles, a paz não pode ser efectiva num país onde a disparidade entre os ricos e pobres é abismal, principalmente numa situação em que algumas regiões têm melhores condições de vida que as outras. O bem-estar continua uma miragem para muitos. O desenvolvimento de que tanto se fala não se reflecte na vida da maioria 20 anos depois da paz.O governador da província de Nampula, Felismino Tocoli, disse que a repartição equitativa da riqueza é um processo complexo que primeiro requer planificação, mas as comunidades, através dos conselhos consultivos compostos por órgãos da sociedade civil e observadores do desenvolvimento, já fazem algo debatendo o assunto.
Tocoli apelou aos cidadãos a educarem os membros das suas famílias a promoverem a passividade. No seu entender, contrariamente ao que acontecia antes de 04 de Outubro de 1992, hoje as pessoas circulam livremente de uma região para outra. As crianças têm oportunidade de frequentar diversas escolas. Acrescentou que o facto de a província de Nampula ser uma preferência dos investidores internacionais é reflexo da paz.
O delegado provincial do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) em Nampula, Rachade Carvalho, referiu que às demais preocupações dos moçambicanos se acresce o facto de durante os 20 anos da paz a liberdade de expressão ser ainda incipiente.
Os líderes do partido no poder tentam controlar tudo que há no país. Os cidadãos de outras formações políticas não sabem exercer o seu direito de cidadania, embora as leis estabeleçam que deviam sabe-lo.
De acordo com o delegado, frequentemente há destruição dos símbolos dos partidos políticos, incluindo de suas infra-estruturas ao nível da base.
Isto, na sua opinião, não só denuncia uma clara violação do direito dos cidadãos, como também sugere que o exercício da democracia está a regredir pouco a pouco. Citou o exemplo das escaramuças que têm havido durante a celebração de algumas efemérides, envolvendo o partido que representa e a Frelimo.