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Falta de energia eléctrica causa prejuízos incalculáveis em Nampula

A falta de corrente eléctrica, que assola a zona norte e parte do centro de Moçambique, desde o passado dia 11 do mês em curso, está a causar transtornos aos munícipes de Nampula e não só. Algumas famílias viram-se obrigadas a desfazer-se dos produtos perecíveis que haviam adquirido para o seu consumo ao longo de Janeiro.

Há uma semana que o apagão devasta a zona norte do país. Na província de Nampula, a situação deixou marcas de pesar, incluindo as instalações da Electricidade de Moçambique (EDM) que se encontra às escuras.

Os principais supermercados não escaparam às consequências da falta de energia eléctrica. A título de exemplo, no Shoprite, um dos maiores centros comerciais da capital nortenha, devido à incapacidade do dispositivo gerador de corrente eléctrica instalado nas proximidades daquele estabelecimento, os produtos, cuja conservação depende da refrigeração, tiveram de ser vendidos a preços muito baixos. O quilo de frango custava 150 meticais mas, presentemente, três quilogramas passaram a ser comercializados por apenas 100 meticais.

O Supermercado Recheio Cash & Carry, um dos pilares na área de venda de produtos alimentares de primeira necessidade e não só, também não escapou aos efeitos do apagão. Os prejuízos são enormes, embora os artigos ali comercializados não tenham atingido a última fase dos efeitos da má conservação: o apodrecimento.

Segundo Shakil Mohamed, representante daquele estabelecimento comercial, os gastos para a garantia da boa conservação dos alimentos custa, diariamente, 10 mil meticais aos cofres daquela empresa. O nosso interlocutor disse que, com o decorrer do tempo, alguns produtos alimentares já não poderão ser aproveitados, pois o gerador de energia eléctrica não corresponde às expectativas.

Os consumidores também lamentam a situação, afirmando que os prejuízos aumentam a cada dia que passa. O mais preocupante para os munícipes de Nampula é a incerteza quanto à data do restabelecimento da corrente. “Tive de deitar no lixo o rancho que havia feito para este mês de Janeiro”, disse Josefina Guimarães, cidadã que se viu obrigada a oferecer parte do peixe e da carne que havia comprado.

O que se pode ver, agora, é uma geleira vazia. Sem água, nem comida. “Como a vida não pode parar, a única coisa que nos resta é recorrer aos mercadinhos para comprar verduras”, disse. Imo Paulo é um cidadão, diga-se de passagem, precavido. Nos finais de Dezembro, fez as suas compras para evitar passar fome no mês de Janeiro. Ele não descartou a possibilidade de não ter dinheiro durante este período. Porém, o que mais temia aconteceu, pois, embora tivesse dinheiro, o apagão encontrou-lhe desprevenido. Todos os mariscos que tinham sido conservados no seu congelador tiveram que ser consumidos como se de uma festa se tratasse. Houve até um churrasco entre os amigos e a família.

“Sabemos que a EDM é vítima dos efeitos da mãe-natureza. Mas nós somos a quadruplicar. Ficámos sem corrente eléctrica e sem peixe ou carne para caril. A nossa situação é bastante triste”, lamentou.

Serviços de restauração acumulam prejuízos

Os restaurantes, bares e barracas espalhados um pouco por toda a cidade de Nampula têm vindo a acumular prejuízos devido à falta de energia eléctrica. Segundo Bernardo Miguel, proprietário de um pequeno restaurante na zona da Faina, o apagão já causou uma perda de 35 mil meticais em uma semana. “Tive de adquirir um gerador, mas o problema persiste, uma vez que sou obrigado a gastar muito dinheiro com a compra de combustível”, disse.

Na mesma situação encontra-se Isabel Ali Fonseca, proprietária de um bar no bairro de Napipine. Segundo a nossa interlocutora, há uma semana que os lucros do seu negócio baixaram drasticamente, visto que parte significativa da receita é usada para a aquisição de combustível para manter o gerador em funcionamento. “Se este problema não for resolvido a breve trecho, serei obrigada a parar o negócio, pois os prejuízos tendem a aumentar”, disse.

Doentes recebem cuidados à luz de velas

Nos centros de saúde 1º de Maio, 25 de Setembro e Muhala, ainda na cidade de Nampula, durante o período nocturno, os pacientes são atendidos com o auxílio de lanternas ou da luz de velas. A situação é vista por alguns utentes como um desrespeito à vida, pois os doentes correm o risco de serem vítimas de erros médicos.

Situação similar vive-se nos postos policiais espalhados um pouco por toda a capital do norte, onde, devido à falta de dispositivos geradores de corrente eléctrica, o atendimento ao público é feito com recurso a velas. As patrulhas não estão a ser feitas. O bairro de Carrupeia é exemplo disso.

Gatunos aproveitam-se do apagão para roubar cabos eléctricos em Muahivire-Expansão

A falta de corrente eléctrica está a facilitar as acções dos amigos do alheio.   Nesta terça-feira (20), pouco mais de cinco residências ficaram sem os cabos de energia eléctrica que provinha dos postes de transporte.

Segundo alguns moradores ouvidos pelo @Verdade, o caso já é do conhecimento das autoridades policiais e dos quadros comunitários. Porém, as mesmas entidades são acusadas de nada fazerem para evitarem que actos desta natureza voltem a acontecer naquela zona residencial.

Entretanto, a Electricidade de Moçambique tornou público que o apagão no norte da província da Zambézia, e nas províncias de Nampula, Cabo Delgado e Niassa, em resultado da queda de dez torres de alta tensão no distrito de Mocuba, deverá durar mais 15 dias.

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