Subiu para nove a diferença pontual entre o líder Maxaquene e o segundo classificado no Moçambola, para já o Ferroviário da Beira. E este cenário, diga-se em abono da verdade, é o resultado de um trabalho apurado e da regularidade com que se apresenta a equipa tricolor, jornada após jornada.
O Ferroviário de Maputo, que venceu confortavelmente a primeira volta, não conhece o sabor da vitória há cinco jornadas, facto que lhe retirou a posição de segundo classificado.
A história da 20ª jornada do Campeonato Nacional de Futebol, Moçambola, teve o pontapé de saída no sábado (22) no campo do Maxaquene, na Machava. O líder, jogando em casa, recebeu o Ferroviário de Nampula e passou por sérias dificuldades para conquistar os três pontos, sobretudo na etapa complementar da partida.
O primeiro quarto de hora foi fraco em termos de produção de golos, todavia, foi a equipa tricolor que se mostrou mais agressiva ao visitar mais vezes a grande área adversária, e a cada investida de ataque. Porém, todas as bolas morriam nas mãos do guarda-redes David.
Ainda na primeira parte, a equipa tricolor podia ter chegado ao golo por diversas vezes, ante a apatia dos locomotivas.
Ao minuto 22, o público tricolor gritou golo, aliás, festejou como se o Maxaquene tivesse aberto mesmo o marcador. Na verdade, era o golo do Desportivo de Maputo no campo do 1º de Maio diante do Clube de Chibuto que estava a ser solidariamente festejado pelos seus vizinhos na Machava.
No período complementar, as duas equipas voltaram diferentes, com mais energia e dispostas a conquistar os três pontos, sobretudo na etapa inicial onde se assistiu a um jogo equilibrado, rápido e intenso. Quem esteve no campo naquela tarde presenciou minutos de um verdadeiro mata-mata onde, quando uma equipa fosse atacar, a outra respondia rapidamente em contra-ataque.
Contudo, não tardou que a equipa de Alex Alves padecesse de fadiga, abrandando a intensidade com que vinha e protegendo-se ainda mais do jogo ofensivo dos tricolores.
Ao minuto 67, os adeptos tricolores que pareciam estar mais atentos aos outros jogos do que necessariamente ao que assistiam, voltaram a vibrar com a notícia de mais um golo do Desportivo e, dois minutos depois, viram-se aos murmúrios quando souberam que o Chibuto tinha reduzido a desvantagem.
A dubiedade emocional dos adeptos tricolores baixou consideravelmente quando Belito, ao minuto 71, abriu o activo mercê de um erro defensivo gritante do defesa central James. Porém, dois minutos mais tarde, Tony devolveu o sorriso ao público restabelecendo a igualdade.
O último quarto de hora foi de muito sofrimento para o Maxaquene com a subida da linha defensiva da equipa comandada por Alex Alves, que chegou a subjugar o adversário. O Ferroviário de Nampula gerou oportunidades claras de golo e ainda obrigou a equipa tricolor a remodelar o seu sistema defensivo ao povoar a zona central, tudo para evitar descalabros.
E foi mesmo contra a corrente de jogo e num lance de ataque rápido, que à partida se mostrou inofensivo, que o avançado Hélder Pelembe, à entrada da grande área, atirou uma bomba para o fundo das malhas do guarda-redes David. A injustiça do futebol, segundo a qual só ganha quem marca mais golos, funcionou e disso o Ferroviário de Nampula se pode queixar.
Ao sabor de canário no Costa do Sol
A vingança é um prato que se come frio. As baixas temperaturas que se fizeram sentir na tarde de domingo em Maputo fizeram-nos lembrar desta máxima. O Costa do Sol vingou-se do 4 a 1 da primeira volta e aplicou, à mesma medida, uma goleada ao seu irmão Chingale de Tete no clássico canário que teve Maputo como epicentro.
Do primeiro ao último minuto do jogo, sem exagero, a equipa do Costa do Sol foi a única em campo que jogou para ganhar. O Chingale de Tete, por sua vez, nem para defender demonstrou vontade.
Por via disso, nos primeiros minutos a equipa da casa ensaiou a melhor forma de bater Zacarias, guarda-redes do Chingale, mas falhou mais no alvo por culpa própria, e não por sentir alguma pressão defensiva do adversário.
Após dois lances claros de golo, desperdiçados por Manuelito II, Reginaldo pegou no esférico na zona do meio-campo, passou por dois centrais e galgou terreno até bater pela primeira vez Gervásio. Foi uma jogada agradável e que culminou com um golo admirável.
O Chingale não respondeu e o feitiço da zona do meio-campo voltou a mutilar os visitantes. Quando parecia que a jogada de ataque estava ainda em construção, Rúben tirou as medidas ao guarda-redes e, de pé esquerdo, fez o esférico ganhar um belo efeito até ao fundo das malhas.
Até ao intervalo era só o Costa do Sol a espalhar a beleza que reside no seu futebol, e que se repercutiu na transição e circulação rápidas de bola, na mudança estupenda de flancos até aos incríveis falhanços na hora de finalizar.
Diamantino Miranda, o único elemento da equipa canarinha da capital que não se conformava com o resultado de 2 a 0, fez entrar Eboh e Parkin, duas unidades ofensivas do Costa do Sol que, curiosamente, fecharam as contas do jogo em 4 – 0, com um golo para cada um.
Este resultado curioso do Chingale (2-1), depois da derrota por 5 a 0 na jornada anterior diante da Liga Muçulmana, fez o Desportivo fugir da zona da despromoção.
Quadro completo de resultados:
Desportivo de Maputo 2 – 1 Clube de Chibuto
Maxaquene 2 – 1 Ferroviário de Nampula
Vilankulo FC 0 – 0 Ferroviário de Maputo
Costa do Sol 4 – 0 Chingale de Tete
Têxtil de Púnguè 1 – 0 Incomáti
Ferroviário de Pemba 0 – 2 Ferroviário da Beira
HCB de Songo 1 – 2 Liga Muçulmana
Próxima jornada:
Liga Muçulmana X Costa do Sol
Chingale de Tete X Têxtil de Púnguè
Incomáti X Maxaquene
Ferroviário de Nampula X Vilankulo FC
Ferroviário de Maputo X Ferroviário da Beira
Ferroviário da Beira X Desportivo
Clube de Chibuto X HCB de Songo