Dois carros-bomba explodiram num ataque que matou pelo menos 34 pessoas, esta Quarta-feira (28), num bairro da capital síria leal ao presidente Bashar al-Assad. As explosões atingiram o bairro oriental de Jaramana, lar de muitos da minoria síria Drusa, assim como de cristãos que fugiram da violência noutros lugares, destruindo lojas próximas e deixando destroços nos carros.
Os carros-bomba vêm abalando Damasco, no passado um bastião de segurança na campanha de 20 meses de Assad para esmagar uma revolta contra o seu governo, com regularidade crescente, mas os ataques desta Quarta-feira foram os mais mortais na capital em vários meses.
As autoridades limitam severamente a mídia independente na Síria e não foi imediatamente possível verificar os relatos. O governo disse que 34 pessoas foram mortas.
As bombas seguiram duas semanas de conquistas militares por rebeldes que invadiram e tomaram bases militares em toda a Síria, expondo a perda de controle de Assad nas regiões do norte e do leste, apesar do poder aéreo devastador que ele tem usado para bombardear os redutos da oposição.
Enfatizando a força militar crescente dos rebeldes, ajudados por armas capturadas durante os ataques nas instalações do Exército, bem como suprimentos vindos do exterior, os combatentes derrubaram um avião de guerra no norte da província de Aleppo, esta Quarta-feira usando um míssil antiaéreo, informou o Observatório Sírio para Direitos Humanos.
Os grupos de oposição publicaram um vídeo na internet que mostrava um homem com um macacão verde a ser carregado. Ele estava a sangrar muito na cabeça e parecia inconsciente. “Este é o piloto que atacou as casas de civis”, disse uma voz de fundo.
O derramamento de sangue aconteceu no momento em que a nova caligação da oposição da Síria realizou a sua primeira reunião, esta Quarta-feira, no Cairo para discutir a formação de um governo de transição, crucial para ganhar um apoio árabe e ocidental efectivo para a revolta contra Assad.
“O objectivo é nomear o primeiro-ministro de um governo de transição, ou pelo menos ter uma lista de candidatos”, disse Suhair al-Atassi, um dos dois vice-presidentes da coligação.
A reunião de dois dias também seleccionará comités para gerir a parte de ajuda e as comunicações, um processo que está a tornar-se uma luta de poder entre a Irmandade Muçulmana e os membros seculares.
As rivalidades também intensificaram-se entre a oposição no exílio e os rebeldes em terra na Síria, onde o número de mortos chegou a 40.000, incluindo soldados, civis e rebeldes.
A agência de notícias estatal Sana descreveu as explosões desta Quarta-feira como “atentados terroristas”, um rótulo que reserva para ataques cometidos por combatentes, principalmente sunitas que lutam para derrubar Assad, membro da minoria alauíta ligada ao islão xiita.
Duas bombas menores também explodiram em Jaramana em torno do mesmo horário dos carros-bomba, por volta das 3h. No total, pelo menos 47 pessoas foram mortas, disse o Observatório Sírio para os Direitos Humanos.
Oitenta e três pessoas ficaram gravemente feridas. Os activistas também relataram ataques aéreos sobre a cidade de Maarat al-Numan, uma cidade controlada pelos rebeldes perto da estrada principal norte-sul que liga Damasco à maior cidade da Síria, Aleppo.
Os rebeldes ao redor de Maarat al-Numan vêm tentando há semanas desalojar as forças de Assad a partir da base militar de Wadi al-Deif, a poucas centenas de metros da estrada.